Assumidamente contra o projeto para a construção de um novo terminal de cruzeiros no Cais do Cavaco, em Gaia, o MovRioDouro acusa as várias entidades que deram parecer favorável à obra de "conivência" com a mesma, desvalorizando os impactos negativos na paisagem e no ambiente.
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Este sábado, o MovRioDouro juntou-se no Cais do Cavaco, em Gaia, mostrando-se, uma vez mais, contra a construção de um novo terminal naquele local para acolher navios-hotel. O porta-voz do movimento ambientalista, Gustavo Briz, diz ao JN que, o parecer favorável condicionado ao projeto, emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), "carece de muitas explicações".
Para Gustavo, os impactos negativos referidos no documento da APA são "minimizados" pelas entidades, entre as quais a Direção-Regional de Cultura do Norte (DRCN). Isto porque, reforça o porta-voz, a área do projeto pertence à Zona Especial de Proteção do Centro Histórico do Porto enquanto Património Mundial. Certo é que, essa mesma entidade já se pronunciou, considerando não ver "inconveniente na aceitação da solução apresentada".
“Não podemos discordar mais. A solução proposta terá um impacte tremendo na paisagem e negá-lo é simplesmente uma forma de conivência com um projeto que não deveria passar do papel”, nota, por sua vez, Gustavo Briz, questionando também o "desenvolvimento do modelo de turismo atual".
Nesse sentido, o MovRioDouro diz que o "Património comum está a ser apropriado" para "benefício de uma pequena minoria" e questiona a "vontade das entidades para o que o projeto avance". Aliás, quanto à eventual desativação do antigo Cais de Gaia, quando o Cais do Cavaco estiver pronto, o porta-voz nota que o próprio parecer da APA "reduz os lugares de cinco para três navios-hotel", o que, na sua perspetiva, não permitirá desativar o antigo cais.
Recorde-se que, durante o período de consulta pública, foram registadas 120 exposições, a maioria das quais de grande oposição ao novo terminal. Entretanto, um grupo de cerca de 80 moradores entregou, no Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto, uma ação que visa à impugnação do projeto.