Avelino Ferreira Torres garante que a sua candidatura independente avança, com outro rosto se for preciso. Após ter sido considerado "inelegível", promete regressar ao comando do Marco, nem que seja como assessor.
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Tem alguma novidade sobre o recurso que apresentou junto do Tribunal Constitucional após ter sido chumbada no Marco a sua candidatura à Câmara?
O processo era urgente mas parece que o mandaram ir a pé. Saiu daqui quinta-feira e chegou lá hoje (ontem). Faz lembrar a Idade Média, em que andavam a cavalo.
Já pensou no que vai fazer se perder este recurso?
Sim, já. Vamos concorrer à Câmara. O movimento tem pessoas capazes e eu lá estarei. As eleições continuam, vão até ao fim.
A alternativa é Lindorfo Costa, seu ex-vice, subir a número um?
É evidente, se efectivamente perder o recurso. O que não creio que vá acontecer. Até porque, pelos acórdãos que tenho na minha mão, qualquer um verificará que o juiz que fez aquele despacho deve ter--se confundido com outra coisa qualquer. Estou a falar de três acórdãos do Supremo Tribunal Administrativo, de Agosto de 1995, e de Março e Agosto de 1996. A conclusão é que, a haver perda de mandato, ela reporta-se à altura das irregularidades que tivessem havido.
Não aceita o argumento do juiz de que o mandato que deveria perder é aquele em que a condenação se torna efectiva, por trânsito em julgado? Ou seja, o actual, impedindo-o agora de se candidatar?
Não. Das duas uma: ou os juízes estavam a dormir quando fizeram os acórdãos, ou estava este senhor doutor que veio aqui a correr, de noite. Há aqui uma contradição . O que pensarão as pessoas da Justiça? A população anda indignada. Não quero, para já, deitar lume para a fogueira, mas se for preciso vou fazê-lo. Este sábado à noite teremos uma concentração onde iremos dizer o que nos vai na alma.
Avisou, após a decisão do Tribunal do Marco, que "isto não pára aqui".
Estou plenamente convencido de que vou ser elegível . Os senhores juízes conselheiros não andam a brincar, já têm muito traquejo. Quem vai ficar mal? Os juízes do Supremo ou os do Constitucional? A decisão deve ser a mesma ou, então, a descrença vai ser total. É evidente que, depois, vou pensar no que irei fazer com isto. E tenho pareceres que dizem que a perda de mandato se reporta à altura dos factos. O impedimento está super-ultrapassado. Foi em 1997, antes das autárquicas. Já concorri às eleições naquele ano, em 2001 e em 2005.
Este "chumbo" à candidatura é mais jurídico ou político?
Não queria dizer que é por falta de competência do senhor juiz... Mas foi por falta de rigor.
Lindorfo Costa seria, agora, uma espécie de testa-de-ferro?
Ele aceitou ir para a frente com a condição de nomear-me assessor com plenos poderes para pôr a Câmara a funcionar. É evidente que ele é que tem de assinar, porque os assessores não podem.
Seria um assessor político?
Um assessor político do trabalho no terreno. Neste caso, seria um assessor para todo o serviço.
Todas as orientações essenciais do concelho passariam por si?
Passariam por mim e por ele.
O seu ex-vice também foi condenado por abuso de poder, mas sem perda de mandato. É justo para si?
Isso não me interessa para nada.
Mas será um bom presidente?
Será um excelente presidente da Câmara. Foi pena que, no passado, já há quatro anos, não quisesse ter assumido a candidatura.
A resposta ao recurso chega tarde?
É evidente que isto está a prejudicar a candidatura, mas também está a criar revolta na população, mesmo naqueles que são de outros partidos. Temos uma certeza: o movimento "Marco confiante" vai ganhar. E não será pelos meus lindos olhos, mas pela falta de visão do actual presidente, que nada tem feito. Só se lembrou de fazer alguma coisa a três meses das eleições.
Vai ganhar com maioria absoluta?
Sim, com maioria absoluta.
E está disposto a fazer acordos se não a conseguir?
Nada. E não é preciso. Neste momento, o presidente da Câmara já pode fazer obras sem pedir autorização até 75 mil euros. E acordos, muito honestamente, não estou a ver com quem. O presidente da Câmara vai embora, se não for eleito. O segundo da lista, se fosse para pôr numa montra de vaidades, servia. O do PS só se fosse para andar a servir de manequim. Norberto Soares foi um candidato perdedor.