Quem anda em cadeiras de rodas não consegue aceder às instalações do IMT do Porto. Organismo confirma que foi lançado concurso para comprar um novo equipamento.
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O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), situado na zona industrial do Porto, tem há três anos a plataforma elevatória usada pelos pessoas com mobilidade condicionada com problemas, estando agora inoperacional. Subir cinco degraus para quem se desloca em cadeira de rodas torna-se uma verdadeira tormenta, só ultrapassada com a boa vontade de utentes que se dispõem a ajudar.
Contactada pelo JN, fonte do IMT confirmou que a plataforma elevatória, comprada há cerca de 20 anos, "a partir de 2020 passou a apresentar anomalias que, mesmo após intervenções, mantinham o equipamento com um funcionamento intermitente ou inoperacional". O organismo já avançou "para a aquisição de uma nova, cuja adjudicação do procedimento de contratação pública foi efetuado a 27 de março".
A mesma fonte faz ainda saber que se prevê que o procedimento esteja concluído em junho.
Paulo Ferraz, 57 anos, residente em Gaia, estava longe de imaginar a "saga" que teria de passar, há cerca de um mês, quando teve de tratar do cartão de estacionamento para pessoas com deficiência. "Depois da junta médica ter atestado que tenho 67% de incapacidade física, por conta de uma artrite sética na articulação da anca, julguei que tratar do dístico seria uma coisa simples, que pudesse fazer online, mas não consegui".
Depois de várias tentativas frustradas via online, o utente foi às instalações do IMT no Arrábida Shopping, em Gaia, onde ficou a saber que "ali não tratavam dos cartões", devendo deslocar-se ao organismo no Porto.
Esteve acamado dois anos
Por conta da doença, Paulo Ferraz passou por 21 cirurgias, tendo estado acamado dois anos. Ao JN, contou que embora "consiga dar uns passos", com muletas, rapidamente fica "cansado e sem forças" e, por isso, desloca-se em cadeira de rodas.
O utente contou que, "além de não ser fácil arranjar lugar para parar junto ao IMT", não queria "acreditar no que lhe acontecia"quando se apercebeu que a plataforma elevatória estava avariada . "É uma questão de igualdade. Não se admite que obriguem os privados a terem acessibilidades e depois o Instituto da Mobilidade é um verdadeiro instituto da imobilidade", disse, revoltado.
Paulo Ferraz acabou por aceder ao edifício do IMT com a ajuda de outros utentes e com esforço. "Segurei-me à estrutura da plataforma para subir, a custo degrau a degrau, enquanto alguém me levou a cadeira até à entrada", relatou.
Na opinião do queixoso, um "bom exemplo de um edifício preparado para receber pessoas com mobilidade reduzida é o do Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto". E aconselha que seja criado "um corredor apropriado" de acesso à Biblioteca Almeida Garrett". "É que as cadeiras de rodas não são todo-o-terreno", remata.
Maioria de pedidos submetida via online
Embora Paulo Ferraz se tenha queixado que não conseguiu fazer o pedido do cartão de estacionamento para pessoas com deficiência através da Internet, fonte do IMT respondeu que "desde 2017, este pode ser requerido também através dos serviços do IMT Online", admitindo, que atualmente, "a maioria destes pedidos" é submetida por esta via. Desde 2017, a plataforma online do IMT recebeu "36766 pedidos, dos quais resultaram em 17980 emissões, 17663 pedidos não aprovados e 1123 processos encontram-se ainda em análise ou a guardar respostas a notificações enviadas ao requerente relativas à documentação apresentada".
Pormenores
Equipamentos
Além de uma nova plataforma elevatória para o edifício do Porto, fonte do IMT confirmou ao JN que também foi adjudicado o procedimento para aquisição de uma nova plataforma para o edifício de Bragança. O IMT adquiriu ainda uma outra para a delegação de Vila Real.
Não há queixas
Embora "lamente o sucedido" com o elevador, fonte do Instituto da Mobilidade e dos Transportes referiu que "até à data não foi reportada nenhuma situação em que um cidadão com mobilidade reduzida não tenha sido atendido pelos nossos serviços em condições igualitárias".