Inauguraram loja de produtos tradicionais no dia 13 de março e no dia 16 foram obrigados a fechar portas.
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Após vários anos a trabalhar no restaurante dos pais, André Silva, 36 anos, natural de Braga, decidiu, no final do último ano, que estava na altura de concretizar o sonho de ter um negócio próprio. A inspiração para a Palhusca, uma loja de produtos tradicionais, partiu das conversas com os turistas clientes do restaurante, que muitas vezes perguntavam onde encontrar artigos e gastronomia regionais. Convicto da aceitação do negócio no mercado, o bracarense só não estava à espera que a data planeada para a abertura, 13 de março, fosse coincidir com o início da pandemia no país.
"Trabalhávamos no restaurante com os meus pais, mas eu queria uma carreira a solo. E começámos a trabalhar no assunto e a procurar vinhos, compotas, azeite, mel e outros produtos do distrito de Braga", relembra André Silva, ao lado da mulher Marisa Matos, que se envolveu no projeto desde o primeiro minuto. A loja ficou pronta em março e, aí, começou "um turbilhão de emoções", confessa o dono. "Começámos a pensar que já nem poderíamos inaugurar a loja no dia 13, porque já se falava que os negócios podiam ter de fechar ou reduzir horários. Não sabíamos o que esperar. Mas acabámos por inaugurá-la no dia 13, nos dias 14 e 15 abrimos as portas para dar a conhecer ao público e, no dia 16, fechámos", recorda André Silva.
Apesar do cenário desolador, a possibilidade de largar o projeto não esteve em cima da mesa. Financiado com fundos próprios e sem empréstimos para pagar, o casal apoiou-se na família durante o confinamento e começou a investir na loja online, através do Facebook, enquanto esperava melhores dias. Aliado a isso, Marisa Matos confessa que o facto de não venderem produtos com validades reduzidas permitiu que não houvesse perda de investimento já feito. "Deu-nos esperança", assume a empresária, sublinhando que "desistir do sonho não fazia sentido".
Assim, a 4 de maio, quando o Governo permitiu, abriram as portas em pleno e, apesar de poucos turistas, o negócio tem atraído clientes locais. "Começámos com uma cidade deserta, com as pessoas assustadas com uma pandemia. Maio foi muito complicado, mas já começámos a despertar a curiosidade dos próprios bracarenses, que desconheciam alguns produtos. Temos um queijo de Vila Verde que foi considerado o melhor queijo curado de 2019", exemplifica André Silva, adiantando que, além de provas no local, também arrancaram com um serviço de entregas em casa para atrair gente.
O casal reconhece que a isenção de taxas de ocupação do espaço público, por parte do município, também foi um "balão de oxigénio".