O incêndio que deflagrou este domingo no edifício centenário do Externato Jardim Flori, com entrada principal pela Rua do Marechal Saldanha, situado numa zona residencial da Foz, no Porto, chegou a causar pânico entre os moradores.
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O fogo, que começou por volta das 12.50 horas, terá tido origem no quadro elétrico e, quando o Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto chegou ao local, "já o segundo piso estava tomado pelas chamas", contou o comandante, Carlos Marques, pouco depois das 15 horas, quando o incêndio foi dado como extinto.
Segundo o mesmo responsável, no edifício - inventariado como de interesse municipal - "estavam cinco irmãs [Missionárias Dominicanas do Rosário] ", que à chegada dos bombeiros já se encontravam na rua. "Uma delas foi transportada ao hospital com uma pequena queimadura na cara e num braço, outras duas foram assistidas no local", detalhou o comandante.
Uma grande nuvem de fumo negro avistava-se a grande distância e as labaredas a saírem pelas janelas do terceiro andar deixaram receosas as dezenas de pessoas que, na rua, assistiam incrédulas à destruição do edifício pelo fogo.
"É horrível! Não tenho palavras. É uma machadada gigantesca para a cidade", desabafou ao JN Maria João Archer, 53 anos, que mal recebeu um telefonema "a avisar que o colégio estava a arder" foi em socorro. "Felizmente todas as irmãs estão a salvo", sublinhou. Maria João, tal como a filha, Marta, frequentaram a instituição [do pré-escolar ao 1.º ciclo] e recordam o "ambiente familiar" da instituição.
Também os irmãos Francisca e Paulo Andrade, de 23 e 29 anos, não conseguiam arredar pé da entrada principal do colégio, onde acompanhavam "incrédulos" ao sucedido. "Depois de tantos anos nesta instituição, custa muito ver isto a arder", desabafou Paulo, não escondendo a emoção.
Também Francisca falou de "muitas recordações felizes" que ainda hoje fazem com que os irmãos visitem as freiras "frequentemente". "São como família!", destacou.
Paulo contou que, quando se deu o fogo, "as irmãs estariam a almoçar no edifício - que atualmente apenas serve de alojamento - quando ouviram o alarme de incêndio a soar no segundo andar". Prontamente as freiras saíram para a rua e chamaram os bombeiros.
Dezenas de pessoas que frequentaram o colégio e ali assistiram pela primeira vez a uma missa questionavam-se, preocupadas, se "a capela havia resistido". Questionado pelo JN, o comandante dos Sapadores disse que "o primeiro piso, onde se encontra a capela, não foi afetado pelas chamas". No entanto, "como a água corre para o piso inferior é natural que haja alguns danos no piso de baixo", referiu.
Com a aflição de ver parte da cobertura a ruir, um aluno do 1.º ciclo pediu a todos os que estavam na rua para o ajudarem "a rezar um Pai Nosso pela escola". Ouviram-se palmas no fim.
Os edifícios contíguos, onde funcionam a creche e o 1.º ciclo, nunca chegaram a estar em perigo.
Acessos e madeiras tornaram o combate "mais complicado"
O comandante dos Sapadores do Porto, Carlos Marques, explicou aos jornalistas que o mais complicado no combate às chamas "foi o tipo de material que existia no edifício centenário, construído com muitas madeiras". Depois, frisou "a questão das acessibilidades". "Pela parte da frente foi relativamente simples, embora existissem algumas árvores e carros estacionados que conseguimos retirar, mas da parte de trás não conseguimos aceder ao edifício", referiu. Durante a operação, foi necessário cortar algumas artérias.
Pormenores
Santos recolhidos
Apesar das chamas não terem chegado ao primeiro andar, onde se localiza a capela, o templo sofreu alguns danos. Os bombeiros, depois de extinto o fogo, estiveram a recuperar algumas das imagens religiosas.
Abastecimento
Segundo o JN conseguiu apurar, não houve falta de água no combate a este incêndio. "Sempre houve água suficiente nas quatro agulhetas. Além disso, o autotanque estava cheio", garantiu ao JN fonte do Município, explicando que a ida dos bombeiros à Avenida Montevideu serviu para abastecer o carro, enquanto o fogo era combatido.