O vereador independente na Câmara de S. João da Madeira, Jorge Lima, defendeu esta segunda-feira que a renúncia aos mandatos do PSD foi "uma manobra baixa" para evitar a perda de mandato por incapacidade de pagar dívida de curto prazo.
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"O presidente da Câmara não tem como pagar os empréstimos de curto prazo de 1,5 milhões de euros até 31 de dezembro e, como isso agora implica perda de mandato, está a fazer este espalhafato para empurrar o problema para a hipotética comissão administrativa [que ficará a gerir a autarquia até à data das eleições intercalares]" afirmou o vereador Jorge Lima, eleito pelo movimento "SJM Sempre", em declarações à Lusa.
O presidente social-democrata da Câmara, Ricardo Oliveira Figueiredo, anunciou hoje em conferência de imprensa que renunciou ao cargo, no que foi acompanhado pelos restantes vereadores do PSD e demais elementos da lista daquele partido às autárquicas de 2013.
No seu comentário sobre esta decisão, o vereador independente Jorge Lima recordou que na passada terça-feira, na mesma reunião de Câmara em que se verificou o chumbo de 22 projetos a que o PSD atribui o culminar de sucessivos bloqueios por parte da oposição, também foi aprovado um empréstimo de 1,7 milhões de euros - inclusive com o seu próprio voto favorável.
"A questão é que eu e a Caixa Geral de Depósitos impusemos como condição que esse montante só podia ser gasto em obra e não para resolver a caótica situação da tesouraria da Câmara", realçou Jorge Lima.
"Como o presidente percebeu que não ia poder usar o empréstimo para pagar dívida de curto prazo, criou este folclore todo para passar o problema para a eventual comissão administrativa", acrescentou.
O líder do movimento "SJM Sempre" disse, contudo, que o problema continuará nas mãos no PSD. "Por nós, não há problema nenhum em irmos novamente a eleições", garante.
"Mas se o presidente da Câmara pensa que na comissão administrativa - que tem obrigatoriamente que reunir elementos de todos os partidos eleitos - eu ou algum elemento do 'SJM Sempre' vamos viabilizar esse pagamento até 31 de dezembro, está completamente enganado", assegurou.
Nas eleições autárquicas de 2013, o PSD venceu por maioria de votos, mas elegeu apenas três elementos para a Câmara, enquanto a Oposição ficou em maioria, com três vereadores do PS e um do "SJM Sempre".
Na conferência de imprensa da manhã de hoje, o presidente cessante atribuiu a renúncia ao historial de sucessivo bloqueio por parte da Oposição, numa "estratégia deliberada para paralisar a Câmara".
Ricardo Oliveira Figueiredo referiu que os vereadores do PS e do "SJM Sempre" já tinham assim inviabilizado "investimentos de mais de 10 milhões de euros na cidade", quatro dos quais suportados a fundo perdido por fundos comunitários.
Quanto à situação financeira geral da autarquia, o mesmo autarca cessante classificou-a como "sólida", precisando que, sob a sua gestão, a dívida foi reduzida "a um ritmo ainda maior do que anteriormente, baixando de 12 para seis milhões de euros" em dois anos.
A data estimada para realização das consequentes eleições intercalares foi situada, por sua vez, "num horizonte de cerca de dois meses".