O Governo publicou esta quinta-feira um novo despacho sobre a situação de calamidade em Ovar em que impõe o encerramento das unidades industriais.
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Depois de, esta quarta-feira, o despacho do Conselho de Ministros não incluir ao fecho da indústria, hoje chegou a clarificação. O presidente da Câmara, que tinha criticado o Governo pelas cedências na área da indústria, congratulou-se com a alteração. Nas redes sociais escreveu que "as indústrias não podem laborar, a não ser que sejam de primeira necessidade. Assim podemos trabalhar".
No novo despacho da Presidência do Conselho de Ministros, publicado esta quinta-feira, pode ler-se que além dos estabelecimentos comerciais, é imposto o "encerramento de estabelecimentos industriais, com exceção daqueles relativos a setores essenciais ao funcionamento da vida coletiva, como os destinados à alimentação e à saúde humanas e animais".
Recorde-se que o fecho das indústrias estava previsto na noite de terça-feira, quando foi declarada situação de calamidade para Ovar, mas depois da meia-noite a publicação em Diário da República sofreu uma alteração e interditou apenas "estabelecimentos comerciais", permitindo a laboração da indústria.
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Isso levou o autarca Salvador Malheiro a criticar o Governo por "pôr em causa a quarentena do concelho" e a acusar o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, de violar o seu próprio despacho ao "dar ordens diretas à GNR e PSP para abrir o cordão sanitário a mercadorias e trabalhadores destinados à indústria". "É uma descoordenação completa que põe em causa a saúde pública", afirmou.
As empresas que quarta-feira informaram os trabalhadores que deviam apresentar-se ao trabalho, aproveitando a brecha do despacho para continuarem a laborar, correram a fechar as portas. Caso da Bi-silque, empresa de produtos de comunicação visual de Esmoriz, que ontem informou os funcionários que iria manter a atividade, e que hoje mandou rapidamente os trabalhadores embora para evitar multas, sem avisar quando deviam regressar.
Também o grupo Ramada Investimentos e Indústria terá encerrado a sua subsidiária Ramada Aços, que ontem ainda laborou. Assim como a Bosch. Por Ovar, eram inúmeras as fábricas a fechar portas à pressa para fazer cumprir o novo despacho. Segundo apurou o JN, os trabalhadores são enviados para casa sem indicação se vão receber salário ou se devem recorrer à Segurança Social.
A situação de calamidade pública para o Município de Ovar foi declarada na terça-feira, depois de 35 casos confirmados por infeção de Covid-19 no município e de haver indícios de transmissão comunitária ativa e generalizada. O concelho está cercado, há dezenas de fronteiras controladas por agentes da PSP e GNR, que não permitem a passagem à exceção de pessoas que trabalham em serviços essenciais, como profissionais de saúde ou trabalhadores de supermercados. Também há dezenas de limites do concelho onde apenas foram colocadas barreiras físicas para impedir a passagem.