A Procuradoria-Geral da República determinou a aplicação do segredo de Justiça ao misterioso incidente do Meco, na madrugada de 15 de dezembro de 2013. A Polícia Judiciária foi chamada a intervir no processo que muda de procurador devido ao alarme social.
Corpo do artigo
O inquérito também deixou de estar sob alçada do Ministério Público de Sesimbra e rumou unicamente às mãos do procurador da República coordenador do Circulo de Almada.
A Procuradoria-Geral da República desencadeou, esta terça-feira, um enorme volte-face no inquérito ao incidente da madrugada de 15 de dezembro, na praia do Moinho, no Meco (Sesimbra). Dada a complexidade, o caso transitou das mãos do Ministério Público (MP) de Sesimbra para a exclusiva alçada do procurador coordenador do Círculo de Almada.
Porém, é sem dúvida a entrada da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal a grande novidade, deixando de ser só a Polícia Marítima (PM) a coadjuvar o MP. O JN confirmou, junto de fontes da PJ, que os inspetores vão para o terreno para incutir uma maior celeridade ao inquérito.
Ao JN, fonte oficial PGR reconheceu que era necessário recorrer a quem, "pela sua específica capacitação", pudesse "coadjuvar o Ministério Público nessa tarefa". Até agora, à Polícia Marítima de Setúbal apenas estava delegado um pedido de audição do sobrevivente da tragédia, João Miguel Gouveia.
A verdade é que, nos longos 10 dias em que os corpos das seis vítimas foram sendo resgatados do mar, surgiram também testemunhas oculares que contradiziam a primeira (única e curta) versão contada, logo na madrugada do ocorrido, por João Gouveia, o líder da Comissão de Praxes da Lusófona.
Amnésia adia audições
A juntar àqueles testemunhos que nunca foram ouvidos em sede policial, há ainda muitos outros indícios que se traduzem em várias contradições: as vítimas terem deixado os telemóveis em casa, à exceção do sobrevivente, a casa que o grupo tinha alugado em Aiana de Cima (Sesimbra) ter sido arrumada logo na madrugada ou por se terem dedicado nas últimas horas a praxes comandadas pelo "dux" João Gouveia.
O jovem, que é testemunha no processo, acabou por faltar esta terça-feira, pela segunda vez consecutiva, à audição agendada pela PM, na Capitania de Setúbal. Já há uma semana havia justificado a sua ausência com uma alegada "amnésia seletiva", provocada pelo choque daquela noite.
O JN apurou ainda que devido à urgência imposta agora ao inquérito com estas mudanças, o psicólogo do estudante pode também ser chamado a testemunhar, caso tal incapacidade de João Gouveia se mantenha.