O interesse dos britânicos em visitarem a Madeira "baixou drasticamente" desde as inundações do passado fim-de-semana, disseram à Agência Lusa os principais operadores deste destino no Reino Unido, que registaram uma grande quebra nas reservas.
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Entre quarta e quinta-feira, a Atlantic Holidays recebeu apenas sete reservas, o que "contrasta com dezenas de reservas que recebíamos todos os dias", nota o diretor, João Camacho.
No ano passado, a operadora, que faz parte do grupo Pestana, transportou cerca de 20 mil turistas britânicos para a Madeira, muitos dos quais no inverno e primavera, e por semana recebia "entre 150 a 200 reservas".
"O número de reservas baixou drasticamente como consequência das inundações", reconhece à Lusa João Camacho, que falou também em "alguns cancelamentos".
O cenário é idêntico na concorrente Classic Collection onde, descreve o responsável pelas relações públicas, Andrew Farr, "as reservas pararam quase totalmente".
Desde segunda-feira, a operadora, que por semana recebia em média cerca de uma centena se reservas, registou apenas quinze, "consideravelmente menos do que em anos anteriores".
Cerca de 50 dos clientes da Classic Collection cancelaram, mas a maioria dos autores das actuais 1300 reservas, indicou Farr, mantiveram o interesse em visitar a Madeira, mas numa data posterior.
Ambos as operadoras têm em curso ou previstas deslocações à ilha para avaliar os estragos e estudar formas de minimizar o impacto da tragédia no turismo.
As imagens das inundações abriram os noticiários das principais televisões britânicas e o risco é que os potenciais turistas pensem que a ilha foi atingida na totalidade, adverte João Camacho.
"Se nós não informarmos o consumidor de que a Madeira está reabilitada e pronta a receber turistas, não haverá reservas nos tempos mais próximos", alerta.
As autoridades regionais estimam que, nos próximos seis meses, a quebra irá rondar os 10 a 15 por cento, adiantou a presidente da Associação de Organizadores de Viagens para Portugal britânica, Mary Anne Popoff.
Os organizadores de viagens "pensam que vai afectar as reservas nesta dimensão, mas não mais do que isto", adiantou à Lusa.
Anne Marie Popoff está confiante que a "confiança [dos britânicos] não foi afectada", mas Andrew Farr, da Classic Collection, é menos optimista.
"É difícil de tirar da cabeça das pessoas aquelas imagens de cheias inesperadas e de água a escorrer", prognostica.
O Reino Unido é actualmente o principal emissor de turistas para a Madeira, de acordo com os dados do site do Turismo de Portugal, tendo contado em 2009 com 1,167 milhões de dormidas.