Para o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a Infraestruturas de Portugal (IP) "atua na VCI como atua ao quilómetro 200 da autoestrada" e "não consegue compreender a característica urbana" daquela via. O autarca volta a insistir no "enorme problema" da VCI, sem conseguir resolvê-lo.
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Questionado pela vereadora social-democrata, Mariana Macedo, esta segunda-feira, durante a reunião de Executivo, sobre o abate de árvores junto à VCI, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, respondeu que o Município "foi alertado pela presidente da Junta de Ramalde e também por um site da internet".
"As pessoas, naturalmente, julgavam que era a Câmara do Porto que estava a promover o abate das árvores. Não era nem tinha conhecimento. A única coisa que a Infraestruturas de Portugal (IP) fez foi um pedido de ocupação da via pública em que se presumia, como os privados fazem, que fosse para poda de árvores. Quando a Polícia Municipal foi lá verificar o que se estava a passar, de facto, estavam a deitar abaixo uma faixa de árvores. São cerca de 60 árvores, essas são da IP. E acham que como o terreno é deles não têm de dar aviso às tropas nem têm de dizer nada à Câmara do Porto. Aliás, é a forma como a IP atua relativamente à VCI", critica o autarca.
Moreira considera que "ninguém acredita que estas coisas ocorram sem que a Câmara seja informada". "A IP atua na VCI como atua no quilómetro 200 da autoestrada, no ermo. Não consegue compreender a característica urbana da VCI. Não quer saber", lamenta, referindo que a cidade "não consegue alcançar imensas metas por causa da VCI".
Para o edil, aquela via "continua a preocupar muito" a Câmara do Porto, mas não apenas quanto às competências da IP, alerta. "Temos vindo a chamar a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) à atenção relativamente à questão da poluição provocada pela VCI. Poluição acústica, que foi identificada pelos estudos feitos pela Câmara do Porto e amplamente discutidos. A CCDR-N, com competência nessa matéria, não se pronuncia", revela Rui Moreira.
O mesmo acontece quanto à poluição atmosférica.
Resolver o trânsito na VCI
Após as conclusões retiradas de um grupo de trabalho constituído pelas Câmaras do Porto, Matosinhos, Maia, e pela própria IP, e analisados vários cenários que poderiam ajudar a diminuir o trânsito, começariam a ser implementadas 27 medidas com o objetivo de atenuar o volume de tráfego na VCI.
Certo é que, diz Moreira, dando o exemplo da alteração da entrada na VCI em Paranhos. "Com o resultado terrível que foi verificado, a Câmara pediu [à IP] para inverterem. Até hoje, não inverteram. Alteram as placas de velocidade na VCI sem que a Câmara do Porto seja informada. Acham que não temos competência. É um território estranho", admite o presidente da Câmara do Porto.
"A cidade do Porto tem um território chamado VCI e a sua envolvente, em que a IP acha que a Câmara não é ouvida nem achada. Esta é a situação", conclui Rui Moreira.