Apesar das irregularidades detectadas por três auditorias à gestão do anterior executivo de Espinho, liderado pelo actual Governador Civil de Aveiro, José Mota, ninguém será responsabilizado. Mota diz que nenhuma gestão está imune a irregularidades.
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O vice-presidente da Câmara de Espinho, Vicente Pinto, explicou ao JN que, apesar das "diversas irregularidades" detectadas pelas auditorias, uma contratada pelo próprio executivo à empresa Deloitte e outras duas levadas a cabo pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF), é esta última entidade a admitir que "dado haver responsabilidades de cima a baixo, desde o executivo aos serviços", não é possível responsabilizar uma pessoa em particular.
Ou seja, mesmo que haja matéria criminal, a responsabilidade está tão diluída que ninguém terá de responder pelas irregularidades.
"Temos é de encontrar soluções para resolver as deficiências detectadas nos serviços e, sobretudo, procurar o equilíbrio orçamental. O problema não vai ser resolvido num ano. A dívida ronda os 50 milhões de euros e os fundos municipais não dão sequer para pagar as despesas com o pessoal", explicou Vicente Pinto.
"Estou a rezar para que o orçamento de Estado não seja aprovado tal como está, ou as contas municipais ficarão ainda mais dificultadas", acrescentou.
Questionado sobre o resultado das auditorias, José Mota admite que possam ter sido encontradas algumas irregularidades, mas salienta que é a própria IGF quem diz que, "no final de 2008, o município cumpria os limites legais de endividamento".
Quanto aos cerca de 7,5 milhões não contabilizados e detectados pela Deloitte, o actual governador civil afirmou que não tinham de ser considerados como dívida, "como, aliás, não o fez o actual Executivo, este ano".
"Nós não somos perfeitos e eu sempre admiti que numa casa onde trabalham mais de 600 pessoas é impossível controlar todo e qualquer papel. Admito que haja algumas irregularidades, como garanto que, caso o Executivo fizesse uma auditoria à sua própria gestão ao longo deste último ano, também encontraria", fez notar José Mota.
"O que eu não admito é que tentem enganar as pessoas, como se nós fôssemos uma cambada de anormais que andou na Câmara a roubar", criticou Mota.