Seis famílias residentes na Gafanha da Nazaré (Ílhavo) sentem-se "entaladas" entre novas vias: de um lado têm a linha férrea do porto, do outro a via de cintura portuária. O único acesso são umas escadas, inacessíveis para deficientes, bicicletas e carros de bebé.
Corpo do artigo
As obras de construção da ligação ferroviária ao Porto de Aveiro obrigaram há pouco mais de um ano à deslocalização de um bairro de barracas onde viviam seis famílias de etnia cigana. A Administração do Porto de Aveiro e a Câmara Municipal de Ílhavo realojaram as pessoas em casas pré-fabricadas, a alguns metros do anterior local, na Gafanha da Nazaré, mas agora os moradores queixam-se de ter ficado sem acessos e de estarem a viver numa espécie de "gueto".
Perigo à vista
De um dos lados das habitações passa a linha do comboio e está vedado com uma rede. Do outro lado passa a nova via de cintura portuária e torna-se perigoso atravessas a estrada, sobretudo, paras as crianças que têm de ir para a escola, os idosos e as mulheres com carrinhos de bebé.
"É uma vergonha o que nos fizeram. Esqueceram-se de que aqui viviam ser humanos e não nos deixaram com acessos para sairmos daqui", queixa-se Luís José Nascimento, acrescentando que "para se ter acesso aqui às casas temos de andar a pé uns três ou quatro quilómetros".
Mesmo ao lado das casas existe um viaduto construído no âmbito do projecto de ligação ferroviária ao Porto de Aveiro, mas o único acesso para estes moradores é feito através de umas escadas, impedindo, por isso, a passagem de bicicletas, pessoas com deficiência e carrinhos de bebé, por exemplo.
Porto estuda solução
A indignação de quem ali mora é muita e por isso exigem "uma nova passagem".
José Luís Cacho, presidente do Conselho de Administração da APA, conhece a situação e garante que está a ser estudada uma solução.
"Fomos confrontados com esta situação e estamos agora à procura de uma alternativa que satisfaça toda a gente", disse. O administrador do porto de Aveiro reconhece ainda que neste momento é perigoso atravessar a via, bastante frequentada por camiões, e por isso pede serenidade, pois "estamos a fazer um vasto programa de requalificação naquela zona. Nada foi esquecido e vamos encontrar uma alternativa", garante em declarações ao JN.
Uma alternativa que permita atravessar a estrada sem perigo é o que pede Maria Cândida Nascimento. "Existem aqui muitas crianças que todos os dias têm de ir para a escola e atravessam com as bicicletas. É perigoso", admite, acrescentando que "para além disso temos bebés e pessoas idosas que vêem mal. Um dia são apanhadas por um carro".
Neste bairro vivem seis famílias, com quatro a cinco elementos por agregado familiar. A maioria são crianças e idosos, daí a urgência dos moradores em verem a situação resolvida.