As quatro crias de falcão que enterneceram milhares de seguidores do "Jornal de Notícias" levantaram voo esta quarta-feira, deixando para trás a janela partida do 13.º andar onde eclodiram há pouco mais de um mês.
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O JN tem vindo a acompanhar em direto a emocionante história do casal de falcões que escolheu o edifício na Rua de Gonçalo Cristóvão para ver a família crescer. Fruto deste romance, os quatro ovos que eclodiram entre 1 e 2 de julho trouxeram ao mundo novos e elegantes membros da espécie Peneireiro. Após várias tentativas ao longo da semana, conseguiram finalmente levantar voo. Hoje, dão as primeiras braçadas pelos céus do Porto e até há quem já os tenha avistado.
Segundo Gonçalo Elias, ornitólogo, autor de livros sobre as aves de Portugal e coordenador do portal "avesdeportugal", os falcões não constroem ninhos "com raminhos", aproveitando "estruturas já existentes", como cavidades de edifícios em ruínas, ninhos antigos de outras aves, escarpas ou outras saliências.
O falcão Peneireiro-vulgar, ou Peneireiro-de-dorso-malhado, costuma pôr entre três a seis ovos, a incubação dura entre 27 e 29 dias e as crias ficam aptas a voar ao fim de um período que oscila entre 27 e 32 dias, tornando-se independentes cerca de um mês depois.
O especialista adiantou ainda ao JN que, se os falcões constituíram família através da janela partida no "Jornal de Notícias", foi porque "acharam que as condições são boas" e porque "gostaram do sítio", havendo mesmo a probabilidade de voltarem no próximo ano. Para isso, sugeriu "fazer uma limpeza do local" depois de as crias voarem e, possivelmente, colocar uma caixa que o casal possa usar como ninho para uma próxima ninhada.
De acordo com o ornitólogo, a partir de março, os falcões começam a inspecionar possíveis locais para constituir família, pousando frequentemente nos locais que consideram adequados. A partir dessa altura, não deve haver perturbação para aumentar as hipóteses de as aves se voltarem a reproduzir no edifício.