Dirigentes do Livre e do PAN pediram, este domingo, ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que recue na remoção e abate de jacarandás da Avenida 5 de Outubro, durante uma iniciativa contra esse processo.
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Esta iniciativa, que juntou algumas dezenas de pessoas no troço da Avenida 5 de Outubro entre a Rua da Cruz Vermelha e a Avenida das Forças Armadas, a partir das 15 horas, foi convocada como "uma reunião de vizinhos", aberta a todos os cidadãos, para "mostrar o descontentamento" com o abate anunciado de jacarandás.
De acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, está previsto abater 25 jacarandás e transplantar outros 20, mais dois plátanos, por causa da construção de um parque de estacionamento subterrâneo.
Em declarações aos jornalistas, Rui Tavares, do Livre, considerou que está em causa "um crime até contra a história e contra a essência da cidade de Lisboa", referindo que os jacarandás estão nesta avenida desde 1897.
Para Rui Tavares, é estranho que o presidente da Câmara Municipal "não tenha entendido que os lisboetas gostam dos seus jacarandás", que dão sombra, oxigénio e beleza, "dão alma à cidade".
"Eu creio que a Câmara Municipal vai recuar porque Carlos Moedas está a perceber que esta é uma causa impopular, e se há coisa que faz Carlos Moedas mudar de opinião é quando vê que alguma coisa é impopular", sustentou.
Por sua vez, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, pediu a Carlos Moedas que "tenha a humildade de dar um passo atrás nesta decisão, que é uma decisão errada e em contraciclo com os compromissos ambientais que Portugal e a cidade de Lisboa devem adotar".
Inês de Sousa Real argumentou que "as decisões, quando são erradas, devem ser reponderadas e, acima de tudo, devem ser alteradas" e que "é possível alterar este projeto".
A iniciativa de hoje surgiu na sequência da petição "Não ao abate dos jacarandás da Av. 5 de Outubro", criada em 21 de março, Dia da Árvore, que soma mais de 50 mil assinaturas.
Pedro Franco, morador da Avenida 5 de Outubro e primeiro signatário dessa petição, disse à Lusa que da reunião que tiveram com a vereadora Joana Almeida concluíram que "não é totalmente irreversível" a remoção e o abate de jacarandás.
"Nós não estamos contra ninguém. Nós queremos uma solução construtiva em que haja diálogo democrático entre os munícipes, a Câmara Municipal e o promotor privado [o grupo Fidelidade], que deve exercer a sua responsabilidade social corporativa e respeitar a vontade da comunidade local", acrescentou.
Para os cidadãos que se mobilizaram pela preservação dos jacarandás, "a ambição mínima seria mudar a rampa de acesso ao parque de estacionamento para poupar estas árvores que estão aqui há décadas", referiu Pedro Franco.
Os próximos passos serão uma reunião com o grupo Fidelidade, em privado, e a sessão pública de esclarecimento, na quarta-feira à tarde, no Fórum Lisboa.