Festival cumpre 18ª edição sob o lema "Jardins Saudáveis", com criações de 11 países e escolas de Ponte de Lima.
Corpo do artigo
Gracelinda Pereira, a filha Daniela Matos e a amiga, Rosalina Fragoso, deslocaram-se de Murtosa, no distrito de Aveiro, até Ponte de Lima, de propósito para visitarem o Festival Internacional de Jardins, certame que arrancou em maio e se prolonga até outubro, sob o tema "Jardins Saudáveis". As três deliciam-se a conhecer as 11 propostas que foram selecionadas no concurso deste ano.
Daniela já tinha visitado o festival, que está a cumprir a 18ª edição, e queria dá-lo a conhecer à mãe, que é fascinada pelo tema.
"Gosto muito de jardins. Sou apaixonada por isto. Desde criança, sempre tive essa mania. Em casa, tenho um jardim de suculentas. Vivo numa zona entre o rio e o mar, e o terreno é arenoso", conta Gracelinda, que visita o espaço com o telemóvel apontado a flores e plantas. "É tudo muito bonito. Gosto de tudo", comenta.
Junto ao rio Lima, estão este ano plantados 11 jardins de criadores da Polónia, Áustria, Alemanha, Espanha, Brasil, Macau, Argentina, França, República Checa, Suécia e Portugal. Ao certame juntam-se ainda criações de crianças e jovens, no Festival de Jardins Escolinhas. E ainda o "Jardim da reflexão", vencedor da edição de 2022, onde obteve a maior votação do público, a par de uma exposição que compila imagens dos jardins efémeros que por ali passaram ao longo de edições anteriores.
Os jardins efémeros são pensados por arquitetos, engenheiros, designers e estudantes destas áreas e construídos depois por trabalhadores da Câmara de Ponte de Lima, com materiais inertes, plantas vivas e terra.
Reaproveitar é o segredo
Paula Alves e Fátima Martins, são jardineiras residentes desde o primeiro festival."Trabalhamos todo o ano e a dar duro, porque construímos e desfazemos. Dá-nos muito gozo, porque reaproveitamos muita coisa de um ano para outro", conta Paula, referindo: "Este ano há aqui um jardim que as pessoas estão a gostar muito e sabe o que é que gastamos lá? Umas cordas. O resto é tudo reutilizado", descreve.
Aquando da reportagem do JN, a dupla de jardineiras contava com a ajuda de três estagiários (António, Simão e Mateus) vindos de França no âmbito de um intercâmbio escolar. Pregavam troncos de madeira à estrutura do "Jardim Terapêutico", para os visitantes pendurarem papéis com mensagens sobre vida saudável. E estas eram tantas que já estavam a tomar conta do jardim.
"Todos os anos é um desafio. É sempre diferente. Mal acaba um festival em outubro, desmonta-se para começar a construir o próximo em janeiro", comenta Paula Alves, que orienta uma equipa de seis pessoas. "A maioria somos mulheres e somos nós que fazemos tudo. Os autores mandam os projetos e nós é que construímos", diz, acrescentando que "se faz um pouco de tudo, desde pintar, costurar, fazer cimento, azulejos a colocar pedra".
Mais reservada, Fátima não esconde o seu encanto. calada, comenta à despedida: "Adoro isto. Se não gostasse, não andava aqui".
Pormenores
Edição 2024 já mexe
"O Imaginário na Arte dos Jardins" é o tema já lançado para o próximo festival em 2024, cujo concurso já está a decorrer e encerra em 10 de novembro.
Escolas presentes
Desde 2015, o festival tem a participação das escolas do concelho de Ponte de Lima. Todos os anos são expostos 11 novos jardins construídos por alunos do pré-escolar, 1º e 2º ciclos e também o vencedor da edição anterior. Até hoje participaram cerca de 2000 crianças.