Peças "Coração Independente" e "Pavillon de Vin" estão na Adega Quanta Terra, em Favaios, Alijó, até 19 junho.
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Era uma casa amarela e vai continuar a ser. Era a destilaria n.º 7 da Casa do Douro e agora é a Adega Quanta Terra. Era um espaço onde se produzia aguardente vínica e agora acolhe pipas de vinho, recebe turistas e tem arte dentro e fora. Obras de Joana Vasconcelos, que a partir de Favaios promove também o Douro.
Quem vai de Alijó para Favaios, a Quanta Terra fica um pouco antes dos tanques públicos de lavar roupa. À direita. Foi lá que os enólogos Celso Pereira e Jorge Alves investiram 355 mil euros para adaptarem uma estrutura velha a um centro de enoturismo e cultura.
Joana Vasconcelos inicia lá um ciclo de exposições itinerantes em Portugal, voltado para zonas que não costumam fazer parte do circuito internacional de arte contemporânea. Isto porque a artista, reconhecida internacionalmente, entende que "a cultura deve ir a todos os sítios ao invés de terem de ser as pessoas a irem ter à cultura".
Entre as várias peças, destacam-se as gigantes: "Coração Independente", dentro da adega, "emoldurado" por três canções de Amália Rodrigues, e o garrafão em ferro forjado "Pavillon de Vin", no exterior. Ficam até 19 junho.
A temática do vinho nem sequer é estranha à artista, pois, como "símbolo da identidade portuguesa", tem criado várias peças relacionadas. Porém, é a primeira vez que expõe numa adega. No caso da Quanta Terra, ficou atraída pela "ligação entre o passado e o presente, entre a tradição e a contemporaneidade".
A partir de Favaios, onde existe "uma forte tradição vinícola", Joana Vasconcelos ajuda a promover toda a Região Demarcada do Douro, bem como os vinhos que ali se produzem. Até porque "existe uma relação direta com a obra" que ali fica exposta.
Celso Pereira vai mais longe e lembra que o facto de "uma artista plástica da dimensão de Joana Vasconcelos vir ao Douro participar num evento destes tem uma importância tremenda para o interior do país". Por seu lado, ele e Jorge Alves dizem sentir que também estão a "contribuir com alguma coisa diferenciadora". É como "acrescentar um ponto ao conto" e "dignificar a região".
Vinhos e cultura
Jorge Alves acredita que o espaço Quanta Terra vai proporcionar "sensações" através de "vinhos e cultura". Por isso haverá um programa cultural anual com diversas expressões artísticas, não obstante o vinho ser o foco.
Este é o produto agrícola duriense que "ganhou mais urbanidade", considera Jorge Alves, mas, também por isso, passou a "exigir muito dos produtores e dos enólogos", já que não chega criar vinhos. Depois é preciso apostar em "ações de marketing e em eventos". "Não podemos baixar os braços e ficar recatados, pois não basta chegar à urbanidade. É preciso estar muito atento aos novos mercados e consumidores".
Mostra na antiga mercearia
Joana Vasconcelos vai ficar ligada ao espaço de mostra e amostra dos produtos de Alijó, com destaque para o vinho. Resulta da recuperação e adaptação da antiga mercearia, na sede de concelho, por parte da Câmara. O autarca, José Paredes, diz que vai ser inaugurado na primeira semana de abril. A artista vai ter uma exposição temporária de peças artísticas deferentes das que tem na Quanta Terra. A exposição chama-se "Quatro paredes caiadas" e está ligada ao "ambiente doméstico". Será um "ótimo momento para lançar um equipamento tão importante para o concelho e para a região", sublinha José Paredes.