Número de artífices a fazer máscaras continua a aumentar.
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Em Lazarim, onde uma máscara de pau de amieiro pode ser vendida entre 150 e 600 euros, o dia de hoje ainda vai ser passado a polir os novos exemplares que cada um dos cerca de 10 artesãos preparou para saírem à rua na terça-feira de Entrudo. No domingo também haverá desfile, mas, por norma, os artífices gostam de reservar as novas criações para o dia principal.
Um guarda com jeito
Entre os que mais recentemente começaram a dedicar-se à arte nesta vila do concelho de Lamego, João Carvalho, 41 anos, e Agostinho Loureiro, 72, fizeram, este ano, três máscaras cada um. Ao todo haverá dezenas de novidades no Entrudo. É um sinal de que a tradição, que já correu o risco de acabar, não está, por ora, em perigo. João é militar da GNR, mas nesta altura gosta de trocar a farda pelo traje que juntamente com a máscara ajuda a tornar o careto irreconhecível.
"Teria uns seis anos quando comecei a ver o senhor Afonso [já falecido] a fazer máscaras de madeira. Desde então alimentei a esperança de um dia também as fazer. Mas só em 2022 fiz a minha primeira. Este ano já fiz três e é para continuar", explicou, ao JN.
Agostinho viveu em Lazarim até aos 16 anos, foi para Lisboa ganhar a vida e passou 31 anos em várias funções na Carris. Reformado, regressou à terra e foi, em 2020, durante o confinamento motivado pela pandemia de covid-19, que se interessou pelas máscaras. "Vi os outros a fazer e deu-me para isto, mas ainda só fiz diabos".
Por enquanto, Agostinho só trabalha o pau de amieiro. Já João, ainda tem de acabar um fato de musgo para o filho, um de paus de macieira para ele, um de caroço de espiga de milho para o irmão e um de folhas de eucalipto para o compadre.
Pode ir aos 600 euros
Agostinho não vende máscaras. João, sim. A do ano passado rendeu-lhe "200 euros". Foi um "preço justo". O valor varia conforme o trabalho. "Uma mais básica por custar 100 a 150 euros, mas já foram vendidas aí algumas por 600 e até mais", assegurou.
Tanto amanhã como na terça-feira, os desfiles de caretos em Lazarim começam às 15 horas. Na terça, o ponto alto é a leitura dos testamentos, às 15.30. Segue-se o cortejo e a queima da comadre e do compadre, um concurso de máscaras e trajes e, a fechar, come-se feijoada e caldo de farinha.