Segurança Social detetou falta de pessoal, distanciamento e higienização. Há 26 utentes infetados, 20 funcionários em isolamento e um óbito.
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A ação de acompanhamento e apoio técnico feita pela Segurança Social (SS) ao Lar Rainha D. Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, detetou 34 falhas no plano de contingência e criticou o acompanhamento do surto de covid-19 que já infetou 26 utentes daquela instituição.
O documento com as conclusões da visita foi enviado pela SS a várias entidades há uma semana, mas não era do conhecimento público e nem o surto no lar foi referido, até agora, pelas entidades que fazem o balanço dos casos de covid no concelho.
Entre as conclusões assinadas por João Ferreira, diretor do Centro Distrital de Braga da SS, há seis omissões no plano de contingência da instituição, 13 falhas relativas a recursos humanos e organização, mais 15 desconformidades.
Entre as falhas apontadas está "a falta de recursos humanos", mas também a "deficiente higienização e ventilação de alguns espaços". Foram ainda encontrados utentes a comer nos espaços comuns "de forma desorganizada" e "sem distanciamento", paredes e pavimentos "em mau estado de conservação", bem como objetos utilizados "de forma desprotegida entre utilizações", refere o relatório a que o JN teve acesso.
Na organização dos espaços, não foi identificada qualquer sala para isolamento, não existia desfasamento de horários de entrada e saída, identificaram-se trabalhadores e utentes "a transitar entre alas". Outra falha apontada foi a de uma "colaboradora sintomática que se terá apresentado ao trabalho" e a possibilidade de aceder ao elevador do setor C (para infetados), com "risco de deslocações não controladas para a área covid", lê-se no relatório. A visita da SS foi feita numa altura em que já existiam casos confirmados de covid na instituição.
O JN tentou, sem sucesso, contactar a SS, que deu cinco dias para a correção das falhas. O prazo terminou ontem. Já a Misericórdia de Guimarães confirma que o surto atingiu 26 dos 117 utentes e que está a implementar correções "no âmbito das medidas e propostas de retificação", sendo que as implementará "no prazo determinado". A Santa Casa acrescenta que vai "solicitar uma visita de verificação à comissão de proteção civil para que as medidas implementadas sejam atestadas".
O relatório foi enviado à Câmara, centros de saúde, hospital, proteção civil municipal, delegada de saúde e à Misericórdia.
Para além dos 26 utentes infetados, o relatório dá conta de uma morte por covid e 20 colaboradores em isolamento.
Outros casos
Macedo de Cavaleiros
Morreram mais dois utentes da Casa de Repouso de Macedo de Cavaleiros, elevando para quatro o número de óbitos. Entre as vítimas, com idades dos 70 aos 100 anos, constava a primeira idosa a ficar infetada, que estava internada no hospital. No lar há 23 utentes infetados, a maioria dos quais assintomática, e dez funcionários com teste positivo.
Marinha Grande
Morreu ontem um utente do lar das Vergieiras, da Misericórdia da Marinha Grande, que estava internado no hospital de Leiria. Tinha cerca de 80 anos e algumas patologias. A instituição tem outros cinco utentes e nove funcionárias positivos.
Barcelos
O número de infetados na Casa de S. João de Deus, em Barcelos, subiu para 75: 63 idosos e 12 colaboradores.
Ponte de Lima
Mais oito utentes da Casa da Caridade de Ponte de Lima estão infetados com o novo coronavírus, fazendo subir para 63 o número total de casos na instituição. Os únicos quatro utentes que não estão infetados vão ser transferidos. E dos 33 funcionários, há 11 casos positivos.
Buarcos
O Lar Nossa Senhora da Encarnação, em Buarcos, da Cáritas Diocesana de Coimbra, tem 61 idosos infetados.
Vila Viçosa
Dezasseis utentes do Lar da Misericórdia de Vila Viçosa foram ontem transferidos para o hospital de retaguarda que foi instalado no antigo Centro de Saúde de Vila Viçosa.
Sines
Mais dois utentes da Santa Casa de Sines estão internados no Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém. Ontem havia 52 pessoas infetadas: 40 idosos e 12 funcionários.