Os Serviços de Ação Social da Universidade do Porto só agora comunicaram aos cerca de 170 estudantes que vivem na residência Jayme Rios de Sousa que foi detetada em maio legionela no sistema de abastecimento de água quente do prédio.
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A informação foi prestada segunda-feira à noite, numa reunião que decorreu no edifício da Rua de Joaquim Kopke com o objetivo de esclarecer as medidas que estão a ser tomadas, visto que o problema persiste.
A denúncia chegou ao JN e vários alunos deram conta da sua indignação por não terem sido informados logo em maio. "Estamos revoltados", dizia-nos uma estudante, ao passo que um outro referia que houve "sucessivas tentativas de encobrir a situação". Fonte do gabinete de comunicação da Reitoria admitiu ao JN que "nesse primeiro momento nada foi comunicado aos estudantes", uma vez que, "sendo os valores muito baixos, não havia razão para causar alarme". Acrescentou que quem tomou essa decisão não faz parte da atual equipa dos Serviços de Ação Social.
Uma outra estudante, que participou nessa reunião, mostrava o seu alívio: "Graças a Deus ninguém ficou doente". E acrescentou: "Agora deram conta que os valores não eram assim tão baixos". Referia-se ao facto de estarem a ser tomadas medidas que, além de terem sido anunciadas na reunião, constam de um aviso, com data de quinta-feira passada, colocado na porta do prédio: até ao dia 31, devido ao corte no abastecimento de água quente, os residentes não podem tomar banho nos duches dos quartos, só podem fazê-lo no WC partilhado de cada piso.
Limpeza química
Segundo a Reitoria, a persistência da legionela foi comunicada aos serviços na semana passada, tendo sido "de imediato ordenado o encerramento do sistema de distribuição de água quente e retiradas as cabeças de chuveiro para desinfeção, o que aconteceu na quinta-feira". O sistema de água vai passar por uma intervenção "de limpeza química e térmica profunda, que obrigará a ser encerrado durante cerca de um mês, dependendo do resultado de novas análises", refere a fonte.
"Não há registo de casos de doença ou sequer de indícios da mesma", garante a Reitoria, sublinhando ainda que não há casos de legionela nas outras residências, onde continuam a ser feitas "análises periódicas". A bactéria pode provocar pneumonia grave e transmite-se através da inalação de aerossóis contaminados.
Enquanto aguardam pela conclusão do processo de higienização, os residentes têm de tomar banho no duche partilhado de cada andar do prédio, onde há água quente. Uma outra estudante não escondeu o transtorno que isso vai causar: "O WC do corredor é usado por cerca de 30 pessoas, as que dormem em cada piso".
Outros casos
Vila Franca de Xira: 12 mortos
Em 2014, mais de 400 pessoas ficaram infetadas e 12 morreram, em Vila Franca de Xira. Os casos relacionaram-se com a bactéria detetada numa empresa de fertilizantes da zona.
Lisboa: Surto fez seis mortos
O surto detetado no Hospital de S. Francisco Xavier em 2017 atingiu cerca de 60 pessoas e tirou a vida a seis, entre novembro e dezembro.
Porto: Hospital de S. João
Na semana passada, o Hospital de S. João anunciou que foi detetada legionela em alguns pontos de água no Serviço de Obstetrícia. O procedimento de desinfeção foi imediato.