Ainda não há prazo definido para que sejam pagas as indemnizações relativas aos prejuízos causados pela enxurrada de 7 de janeiro e que levou o caos à Baixa do Porto, sobretudo nas ruas das Flores, de Mouzinho da Silveira e de Trindade Coelho, e a algumas zonas de Gaia. Quase cinco meses depois, estão a ser feitas contas... Ontem, Ilda Figueiredo, vereadora da CDU na Câmara do Porto, esteve no Bairro dos Moinhos, nas Fontainhas, também afetado, e prometeu fazer perguntas na reunião do executivo de amanhã.
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O prazo para entrega de candidaturas ao apoio terminou no passado dia 2, cabendo à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), que está a conduzir o processo, apurar os valores em causa e o número de negócios apoiados. Todavia, questionado pelo JN, este organismo não respondeu. Também a Metro confirmou ao JN ainda não saber o que provocou a inundação, prometendo "ter uma primeira avaliação em poucas semanas".
Só em Gaia, a Autarquia contabilizou 7,5 milhões de euros de prejuízos. Já o Município do Porto referiu que "dos 172 comerciantes a quem foi solicitada uma primeira estimativa dos danos, 22 forneceram os dados pedidos e sete solicitaram posteriormente apoio para preenchimento do formulário de candidatura".
O Município fez ainda saber que houve outros "comerciantes que iniciaram os procedimentos de candidatura junto da CCDR-N, como seria suposto acontecer", desconhecendo, por isso, quantos mais o fizeram.
Madalena Oliveira, com cabeleireiro na Rua de Trindade Coelho, foi das poucas que, logo após a enxurrada do início do ano, apresentaram "toda a documentação", incluindo a apólice do seguro e identificação dos danos sofridos para agilizar o processo de articulação com a CCDR-N. A cabeleireira contabilizou cerca de "três mil euros de prejuízos", por ter tido o salão inundado, mas confessou agora que se "enganou" relativamente ao prazo de entrega da candidatura e deixou "passar o prazo".
No Bairro dos Moinhos, aquando da enxurrada, a água correu feito um rio, ficando máquinas , roupas, tachos e até material escolar a boiar. Na altura, apenas uma família foi realojada no Bairro do Viso. Vânia e a mãe, Fernanda Silva, mostram desalento. "Parece que estão à espera que passemos aqui outro inverno e que haja uma desgraça", desabafou Vânia. Com a casa com um "ar irrespirável a mofo" e o marido, doente oncológico, Fernanda desabafa: "Há um mês, alguém da Câmara veio cá e prometeu-nos que até ao S. João íamos ter a situação resolvida". A moradora queixa-se que sobrevive com a reforma do marido (495 euros), gastando "mais de cem euros em medicamentos e pagando 174 euros de renda por um barraco".
Duas famílias foram realojadas nas Fontainhas
Sobre o realojamento das famílias que vivem no Bairro dos Moinhos, fonte da Câmara referiu ao JN que, no seguimento da intempérie, "foram realojados dois agregados familiares, que evidenciaram necessidade e interesse na ocupação de uma habitação municipal requalificada, em regime de arrendamento apoiado".
Acrescentou ainda que "uma das famílias permanece, temporariamente, a residir em casa de familiares", uma vez que "apenas aceita o realojamento numa habitação na freguesia do Bonfim". Todavia, a autarquia escusou-se a responder se chegou a algum tipo de acordo com o dono do bairro, composto por 23 casas.