Líder do PSD de Famalicão acusa candidato do próprio partido de ultrapassar "linhas vermelhas"
A presidente da Comissão Política do PSD de Famalicão, Sofia Fernandes, vai afastar-se da campanha eleitoral para as autárquicas. Na origem da decisão estão divergências com o candidato da coligação PSD/PP à Câmara Municipal de Famalicão, Mário Passos. Segundo Sofia Fernandes, aquando da formação da lista candidata à Assembleia Municipal "foram ultrapassadas todas as linhas vermelhas".
Corpo do artigo
A responsável anunciou o seu afastamento das ações de campanha na manhã desta sexta-feira, através da leitura de uma declaração sem perguntas onde disse que perante "o problema" que Mário Passos tem com "esta" comissão política do PSD de Famalicão decidiu afastar-se de "todos os eventos".
O mal-estar entre Mário Passos, atual presidente da Câmara, e Sofia Fernandes tem vindo a notar-se desde que os dois disputaram a presidência da Comissão Política em março do ano passado.
Sofia Fernandes integrava na altura a equipa de Mário Passos como vereadora do executivo. Entretanto, conquistou a liderança da concelhia social-democrata com larga maioria, e deixou o executivo municipal, depois de ter sido eleita deputada para a Assembleia da República pelo círculo de Braga.
Quando se propôs liderar o PSD famalicense, Sofia Fernandes assumiu que o candidato à Câmara seria Mário Passos. Contudo, segundo a mesma, na formação da lista para a Câmara Municipal "o candidato Mário Passos recusou sempre as propostas do PSD de Famalicão". "O CDS teve as suas indicações respeitadas e a JSD também fez a sua indicação", adiantou a responsável. "E regista-se que numa lista em que o PSD não foi tido nem achado, o candidato Mário Passos incluiu personalidades ex-socialistas e independentes", afirmou a mesma fonte.
A presidente da Comissão Política do PSD famalicense acrescentou que na construção da lista para a Assembleia Municipal, "que deveria ser da absoluta responsabilidade da Comissão Política, como sempre foi, repetiu-se o mesmo registo". "O candidato Mário Passos exigiu que quatro das pessoas indicadas pelo PSD de Famalicão fossem excluídas e, de entre essas, a primeira indicação do PSD, com o argumento de que não representava uma mais-valia". Esta primeira indicação seria Sofia Fernandes.
É neste processo que a líder do PSD considera que foram "ultrapassadas todas as linhas vermelhas". Para Sofia Fernandes, os acontecimentos têm "demonstrado factualmente que o candidato Mário Passos tem objetivamente um problema com este PSD de Famalicão". "Os ataques à minha honra, ao meu profissionalismo, à minha lealdade ao partido, e ao superior interesse de Famalicão, obrigaram-me a este esclarecimento e a uma tomada de posição", afirmou.
Sublinhando o "apoio inequívoco" a todos os candidatos do PSD e do CDS-PP às juntas e uniões de freguesia, a líder do PSD famalicense notou que a JSD, direção de campanha e a comissão política vão garantir "todas as condições para que a campanha se realize em situações excecionais".
"Garantindo todas as condições políticas, logísticas e operacionais ao candidato Mário Passos até às eleições de 12 de outubro, e não sendo eu, segundo o candidato Mário Passos, uma mais-valia, decidi afastar-me a partir deste momento e até ao dia do ato eleitoral, a bem do superior interesse da coligação "Mais ação mais Famalicão", de todos os eventos de campanha, concluiu Sofia Fernandes.
Mário Passos não quis, para já, pronunciar-se sobre o assunto.