Municípios já estão a cadastrar as parcelas por onde vai passar o traçado de 14 quilómetros de estrada.
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Para construir a nova ligação rodoviária entre Aveiro e Águeda, as câmaras municipais dos dois concelhos vão ter que tomar posse, no total, de 600 parcelas de terreno privadas. Uma primeira versão do cadastro dos terrenos, divulgada na semana passada, apontava para um número inferior (270). Mas, ontem, Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, adiantou ao JN os resultados da nova contagem - que, mesmo assim, ainda não é definitiva. Uma das dificuldades, segundo o edil, vai ser identificar alguns dos proprietários das parcelas.
"O objetivo é fechar acordo com toda a gente. Vamos apresentar as propostas de compra a todas as pessoas que conseguirmos identificar como proprietárias dos terrenos", explicou Ribau Esteves. Sublinhou, no entanto, que "há parcelas em que vai ser muito difícil identificar os donos".
Segundo o edil aveirense, "cerca de metade dos 600 terrenos situam-se no concelho de Aveiro e a outra metade no de Águeda". Ribau Esteves não adiantou, no entanto, qual a despesa prevista com a compra dos mesmos.
"Não falamos, para já, sobre questões orçamentais, mas vamos anunciar o valor em breve. Ainda estamos a fazer a avaliação dos terrenos. Uns valem mais do que outros"
No caso em que não for possível apurar quem são os proprietários, os municípios avançarão para expropriações, sob declaração de utilidade pública. E o mesmo acontecerá nas situações em que não conseguirem chegar a acordo sobre os valores das vendas. "Compra-se contra a vontade dos proprietários, também sob declaração de utilidade pública", esclareceu.
A nova ligação Aveiro-Águeda tinha um custo estimado de 40 milhões de euros, tendo sido assinado, no ano passado, o contrato de financiamento da obra, entre as respetivas câmaras municipais e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. A empreitada - que tem conclusão prevista até 2026 - vai ser financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência. Mas, Jorge Almeida, presidente da Câmara de Águeda, comunicou na semana passada, após uma reunião com Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, que "os custos para a obra são superiores à previsão orçamental inicialmente anunciada" e que, por isso, "foi necessário reprogramar o seu financiamento". No entanto, o novo orçamento ainda não foi tornado público.
"Vão avançar os editais para as uniões de freguesia de Travassô e Óis da Ribeira e de Trofa, Segadães e Lamas do Vouga, para dar início ao processo de expropriação"
Dez minutos de percurso
O novo traçado terá 14 quilómetros - menos 40% que os trajetos existentes - e permitirá ligar Aveiro e Águeda em cerca de 10 minutos. As atuais ligações só permitem unir os dois concelhos em, pelo menos, meia hora. Atualmente, pode-se ir de Aveiro a Águeda de três formas: pela EN 230 (por Travassô), pelas EN 233 e 235 (por Oiã) e pela antiga EN1 e A25. Há 30 anos que ambos os municípios reivindicavam uma via direta entre os mesmos.
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Traçado
Com início na "rotunda do Millenium", em Águeda, o novo eixo viário terá um primeiro nó em Travassô, no mesmo concelho. Já em Aveiro, terá um nó em Eirol (para ligação à A1), e outros em Eixo//Oliveira e em S. Bernardo (para ligação à A17). Terminará junto ao Parque de Feiras e Exposições de Aveiro.
Sem portagens
A nova ligação, com 14 quilómetros de extensão, será construída em perfil de autoestrada, sem portagens, com duas vias em cada sentido". "Vão avançar os editais para as uniões de freguesia de Travassô e Óis da Ribeira e de Trofa, Segadães e Lamas do Vouga, para dar início ao processo de expropriação"