Acordo para avaliar reabertura do serviço é votado hoje. Investimento na linha férrea, com 11 novas estações, ascende aos 97 milhões de euros.
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O regresso dos comboios de passageiros à Linha de Leixões poderá voltar a ser uma realidade. É esta sexta-feira votado um acordo de colaboração entre a Área Metropolitana do Porto, a Infraestruturas de Portugal e as câmaras do Porto, Matosinhos, Valongo, Maia e Gondomar, para avaliar a reabertura daquele traçado da ferrovia aos cidadãos. De mãos dadas a essa votação está a construção de uma nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro em alta velocidade. Adicionar a linha ao serviço de passageiros da CP e colocar carruagens a circular custará cerca de 97,3 milhões de euros.
A Câmara de Matosinhos já estudou esta solução em julho passado no âmbito da estratégia ferroviária para o concelho e concluiu que poderá haver um aumento de procura superior a 14 milhões de passageiros por ano nos comboios urbanos do Porto.
O objetivo é que a Linha de Braga, ao chegar a Ermesinde, em Valongo, se desvie até ao Mercado de Matosinhos e a Linha de Guimarães siga até à Estação de S. Bento, no Porto. Uma nova ligação ao aeroporto deverá ser feita a partir das linhas de Aveiro e de Ovar, aumentando a oferta atual.
Para o plano avançar e não comprometer o transporte de mercadorias até ao Porto de Leixões, a linha férrea terá de ser duplicada, obrigando a uma relocalização da estação dentro do próprio porto. Com os custos do prolongamento do traçado ao aeroporto e a construção de 11 novas estações, serão gastos 64,5 milhões de euros. A isso, somando o preço de aquisição das carruagens (31,9 milhões de euros), o investimento ascende aos 97 milhões.
Com a abertura do serviço aos cidadãos, pode ler-se no estudo encomendado pela Autarquia, estima-se um alívio do número de passageiros no metro do Porto tanto no tronco comum, no sentido Campanhã/Aeroporto, como na Linha Amarela, entre Faria Guimarães e General Torres.
Sucesso da linha
Além de uma nova estação junto ao Hospital de S. João que fará a ligação entre o metro e o comboio, prevê-se a construção de outra na Portela, considerada "um ponto-chave no sucesso da Linha de Leixões" pela proximidade ao Mar Shopping. No entanto, "os declives acentuados" na zona poderão comprometer a ligação.
Para evitar o que aconteceu entre 2009 e 2011, quando parte do traçado, entre S. Mamede de Infesta, em Matosinhos, e Ermesinde, em Valongo, voltou a receber passageiros - já não o fazia há 22 anos -, e que fechou pela baixa procura, a análise alerta para "a necessidade de assegurar uma ligação eficiente entre serviços nas estações de Esposade e Araújo". Ou seja, está em cima da mesa a "relocalização dos apeadeiros existentes e da relocalização da estação do metro de Esposade". A Metro do Porto já se terá mostrado disponível para trabalhar numa solução.
Aposta no metro
Em linha com a intenção de recuperar a Linha de Leixões, a Câmara de Matosinhos deverá manter a aposta numa nova linha de metro entre a Fonte do Cuco e o Polo Universitário.
Com esta nova ligação, prevê-se que "os passageiros que acedem de norte, a partir das linhas da Póvoa de Varzim, Aeroporto, ISMAI e Senhor de Matosinhos passem a dispor de um acesso alternativo à linha Amarela, passando a mudar de linha na Fonte do Cuco em vez de na Trindade".
Pormenores
Serviço suspenso
A vender 150 bilhetes por dia, o serviço de passageiros da Linha de Leixões reaberto em 2009 foi novamente suspenso cerca de um ano depois. Nessa altura, os comboios não circulavam nos 19 quilómetros de extensão, mas sim entre Ermesinde, em Valongo, e S. Mamede de Infesta, em Matosinhos.
Autarcas indignados
Na altura, os autarcas dos municípios abrangidos pela Linha de Leixões mostraram-se "indignados" e "revoltados" com a suspensão do serviço. À data, a falha na ligação ao Hospital de S. João, no Porto, foi apontada como a principal causa.