Ferrovia de Cascais será modernizada. Obras vão permitir diminuição de tempos de espera causados por acidentes ou avarias de comboios.
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Em 2026, viajar na Linha de Cascais vai ser mais confortável, mais rápido e com acesso a mais informação. A ferrovia vai ser modernizada nos próximos anos e uma das várias obras previstas foi consignada, esta terça-feira, a duas empresas, por 31,5 milhões de euros. Esta empreitada, que deverá estar concluída em 2025, prevê a substituição da eletrificação de toda a linha e a alteração do sentido dos troços, o que permitirá reduzir o impacto de situações de perturbação causadas por avarias dos comboios ou acidentes.
Numa viagem de 40 minutos pela Linha de Cascais, do Cais do Sodré a Cascais, o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que "o país finalmente acordou para a importância da ferrovia, abandonada durante décadas" e que "é incompreensível que o país tenha deixado esta linha para trás e não a tenha valorizado há mais tempo". Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, lembrou que "temos uma linha do século passado". "Alguns dos comboios têm mais de 70 anos".
Na segunda linha ferroviária com mais passageiros, o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, foi explicando algumas das alterações que a linha vai sofrer após a obra consignada ontem, "a maior de todas" as que estão previstas para a ferrovia desta cidade. Os postos de eletricidade da linha de Cascais vão ser substituídos, à exceção do da estação de Cascais, que já foi, e serão instaladas sete novas diagonais.
"As diagonais são troços que permitem aos comboios mudar de uma linha para outra e são muito úteis em alturas de tráfego conturbado, quando há acidentes ou um problema com o comboio. A possibilidade de circulação de comboios na via oposta vai permitir-nos reduzir impactos dessa perturbação", esclareceu Carlos Fernandes.
As obras, que deverão arrancar no próximo ano, "vão afetar as últimas circulações do dia", uma vez que "teremos de interromper a circulação de comboios entre as 23 e as 5 horas para as obras", adiantou ainda. A empresa diz, contudo, que haverá autocarros para fazer esse transbordo.
Os passageiros desta linha de comboio vão ter ainda "novos sistemas de sinalização e relógios, altifalantes, quadros de partida e chegada" com tecnologia mais avançada. "A maior parte das queixas que temos na linha de Cascais têm a ver com a falta de informação ao público. Ainda agora estava lá fora uma senhora que não sabia qual o próximo comboio a partir. A tecnologia atual é muito antiga e será toda substituída por um sistema de sinalização que é o mais avançado a nível europeu", avançou Carlos Fernandes.
A intervenção prevê ainda a alteração do layout das estações de Algés, Carcavelos, São Pedro do Estoril e Cascais e uma nova ligação entre a linha de Cascais e o Parque de Material Circulante de Carcavelos. "Vamos criar uma ligação para o lado de Oeiras, que só existia para o lado do Cais do Sodré, o que vai dar maior operacionalidade à forma como a CP pode entrar e sair", explicou Carlos Fernandes.
Serão ainda instalados novos desvios nas vias de Santos, Belém e Santo Amaro e um sistema de proteção que "vai ligar todos os equipamentos metálicos à volta da linha para evitar que possa haver algum perigo", uma vez que a corrente elétrica será mais forte.
Esta empreitada faz parte do Plano de Modernização da Linha de Cascais, que prevê ainda a construção de uma subestação de tração em Sete Rios, um investimento de 18 milhões de euros. Irá substituir as sete subestações existentes atualmente e alimentar a rede elétrica da Linha de Cascais a 25 mil volts em vez dos 1500 atuais. "Vamos passar a ter apenas uma que vai alimentar a rede a 25 mil volts, o que vai permitir que a CP possa devolver à rede parte da energia que é hoje perdida nas travagens", esclareceu, acrescentando que "este investimento, segundo estimativas de anos anteriores, permitirá uma poupança de energia por ano superior a um milhão de euros". Esta subestação permitirá ainda "reforçar a oferta de tráfego elétrico na rede metropolitana de Lisboa".
Comboios serão todos substituídos
O Governo lançou, este ano, um concurso para a aquisição de 117 novos comboios, dos quais os primeiros 34 serão para a linha de Cascais e deverão começar a circular em 2026. O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, disse que esta ferrovia será toda substituída e que espera que "o concurso esteja adjudicado ao fabricante até final de março do próximo ano". O presidente da CP, Pedro Moreira, afirmou que os comboios serão "mais rápidos, confortáveis e eficientes".