Município acredita que investimento em encontro católico "ficará na cidade". Palco-altar servirá para eventos culturais e musicais.
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A Jornada Mundial da Juventude deverá ter um retorno económico para Lisboa de "200 a 300 milhões de euros", disse, ontem, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Anacoreta Correia. O palco-altar é uma das obras mais caras, que tem gerado polémica numa altura de aumento da pobreza, mas Anacoreta Correia justifica a estrutura com o "aproveitamento futuro para a cidade". A Fundação Jornada Mundial da Juventude lembra a "opção de requalificar uma zona da cidade".
No Parque Tejo, já se vê a base do palco-altar que receberá o Papa Francisco, nos dias 5 e 6 de agosto. A construção da estrutura foi adjudicada por 4,2 milhões, um investimento que o Município acredita que "ficará na cidade". Anacoreta Correia revelou, em conferência de imprensa, que "promotores de grandes eventos internacionais musicais e culturais já mostraram vontade de usar este equipamento", mas não quis dizer quais. O Rock in Rio garantiu ao JN que "para já continua no Parque da Bela Vista".
"Vamos ter um palco que se prolongará por 100 hectares, para poder ser visto por um maior número de pessoas. Terá condições de visibilidade excecionais"
A Fundação Jornada Mundial da Juventude diz que percebe "a dificuldade de visualizar e apreender a dimensão do evento e a escala necessária para o encontro - para a qual não existem infraestruturas preparadas em Lisboa". "A opção de requalificar uma zona ribeirinha traz ainda desafios acrescidos, mas deixará um novo espaço recuperado como testemunho", defende.
O vice-presidente da Câmara de Lisboa garantiu que a proposta de 4,2 milhões de euros foi "a melhor" entre várias recebidas "que variaram entre 4,7 e 8,5 milhões de euros". O autarca admitiu ainda que a contratação por ajuste direto "suscita questões", mas, explicou, "pelo calendário apertado que temos, temos de recorrer a esses mecanismos que a lei nos permitiu e o Orçamento de Estado viabilizou". "Em eventos como a Expo 98 e o Euro 2004 também houve abertura a vias procedimentais mais ágeis".
"Mais beneficiada"
Anacoreta Correia frisou que não podemos pensar no evento só como uma despesa. "Um grande número de jovens vem uma semana antes e vai uma depois. Vão beber e fazer compras e levar presentes para casa. Se vierem 1,5 milhões e, em média, gastarem 200 euros na sua estadia, o retorno é na ordem dos 200 a 300 milhões de euros", antecipou.
A previsão de 1,5 milhões de jovens, admitiu, contudo, "ainda é muito incerta". "Temos 400 mil pré-inscritos, o mesmo número que tinha Cracóvia por esta altura (quando se realizou lá este evento) e, no final, teve 1,5 milhões de pessoas".
Daniel Sá, diretor-executivo do Instituto Português de Administração e Marketing, instituição que estuda o retorno financeiro de turistas em eventos de futebol, diz que um adepto que pernoite em Lisboa gasta em média cerca de 200 euros por dia.
A presidente da União de Associações do Comércio e Serviços, Carla Salsinha, acredita que "a restauração será o setor que mais beneficiará" e a hotelaria pois "empregará mais gente".
"Não é o tipo de eventos que vá ter um grande impacto em termos do comércio de bairro". A Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal disse que "não dispõe de dados" sobre o retorno esperado.
O que é a Jornada Mundial da Juventude
Encontro de jovens
A Jornada Mundial da Juventude é um encontro de jovens de todo o Mundo com o Papa. Os dois eventos mais importantes são a vigília e a missa final, lideradas pelo chefe da Igreja Católica. Vai decorrer entre 1 e 6 de agosto.
Europa em peso
Os peregrinos pré-inscritos para a JMJ 2023 são maioritariamente de Portugal, Espanha, França, Itália e Polónia. No continente americano, os países com maior representatividade são os Estados Unidos da América, o Brasil, o México e a Argentina. Panamá também estará presente.
Palco-altar
O palco-altar será elevado em três plataformas forradas a madeira, com dois elevadores e uma escadaria central. Vai ter capacidade para duas mil pessoas.
Capela do Papa
Por baixo do palco-altar, haverá dezenas de contentores que servirão para casas de banho, sacristias e a capela do Papa.
Um milhão na ponte
A ponte amovível, que servirá para o papa passar, e será paga pelos municípios de Lisboa e Loures, poderá custar até um milhão de euros.