Diagnóstico geotécnico revelou perigosidade.
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A zona adjacente àquela onde, há 15 dias, uma derrocada destruiu parte da linha do Douro, entre Tua e Pocinho, já estava a ser intervencionada pela Refer. Os trabalhos de monotorização da linha já tinham previsto o risco que viria a confirmar-se.
Fonte oficial da empresa adiantou, ao JN, que são realizadas "campanhas anuais de inspecção e diagnóstico geotécnico" às zonas envolventes das ferrovias. A última, realizada em Agosto passado, revelou "um factor de risco elevado" na zona onde se deu o incidente da manhã do dia de Natal. De acordo com a Refer, "estava, inclusivamente, em curso, na zona imediatamente adjacente, a correspondente empreitada para o minimizar".
Por ironia, não caíram os pedregulhos que potencialmente ofereciam mais risco. Caíram os vizinhos. Blocos de várias toneladas que destruíram cerca de 30 metros da plataforma ferroviária. Sorte que o comboio, que naquela manhã fazia a ligação entre as estações de Foz-Tua (Carrazeda de Ansiães) e Pocinho (Vila Nova de Foz Côa), conseguiu para a tempo. A pronta acção do maquinista, que accionou o sistema de travagem automática, conseguiu evitar o embate na autêntica "parede" granítica.
Segundo a Refer, o desabamento ocorreu, com precisão, ao quilómetro 142,590 da linha do Douro, a três da estação do Tua. É nesse local que está em curso a empreitada que permitirá a reabertura em segurança do troço. Mas como a componente de tratamento geotécnico do talude adjacente "é complexa", a Refer aguarda "um melhor planeamento da execução, face à solução de projecto já definida". A intervenção engloba "a introdução de medidas minimizadoras comuns para este tipo de fenómenos, como a colocação de redes de resistência elevada e pregagens, entre outros".
Neste contexto de incertezas, a empresa prefere não avançar, por enquanto, qualquer data previsível para a reabertura da via e consequente retoma da circulação de comboios. E também por isso, "ainda não é possível fazer o apuramento dos prejuízos" causados pelo incidente, o que será feito num momento posterior, atendendo a que se está "perante uma intervenção de cariz geotécnico na qual as quantidades de trabalho podem variar significativamente".