Uma locomotiva de 1924, peça única no Mundo, está ao abandono num barracão da Estação da CP da Pampilhosa, na Mealhada. Com os portões do espaço abertos, a locomotiva já foi alvo de furtos por várias vezes.
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A BA-61 (tem este nome porque fazia a linha da Beira Alta e era a primeira locomotiva da 6ª série) foi entregue à Pampilhosa em 1994, estando desde 2008 naquele espaço. "Com a degradação dos portões, ficou ao abandono, tendo já sido levados materiais como os cobres e os bronzes e até outros, que não têm grande valor material", conta ao JN Vítor Simões, um aposentado da Força Aérea que é entusiasta da ferrovia, e que há mais de uma década luta para que a BA-61 fique num local "mais digno e de fruição da população", afirma. Do inventário que já fez de material furtado, conta o manípulo, válvulas, parte de um cilindro a alguma tubagem. "Alguns materiais são fáceis de arranjar, outros não", lamenta.
A BA-61, que foi construída na Alemanha em 1924, tem 96 anos. Fez a linha da Beira Alta (Figueira da Foz-Vilar Formoso) até ao final da década de 50. Esteve estacionada em Contumil, no Porto, até 1994, altura em que foi entregue à Pampilhosa.
A última "vitória" de Vítor Simões na sua luta foi em 2014, quando conseguiu, junto da Refer, que se fechasse o armazém, de forma a que a locomotiva não estivesse à mercê dos ladrões. A obra foi adiada devido a dois descarrilamentos na linha. Na altura de ser retomada, a Fundação do Museu Nacional Ferroviário, proprietária da composição, pediu para a obra não ser feita, porque a iria levar para o museu, no Entroncamento. "Nunca o fizeram e o espaço foi-se deteriorando cada vez mais", conta Vítor Simões, que acusa a Fundação de não ter interesse na máquina.
Fundação do museu não explica
Uma das esperanças do defensor da quase centenária locomotiva passa por fazer uma réplica da linha num espaço no Mercado da Pampilhosa. "Eu e outro amigo temos a ideia de lá fazer uma réplica da linha, divulgando a existência da locomotiva e isso seria um chamariz tremendo para a estação e para a BA-61", defende.
Fonte da CP informou que a locomotiva é propriedade da Fundação do Museu Nacional Ferroviário, pelo que era esta que teria de emitir esclarecimentos sobre a sua situação. Apesar de contactada, a Fundação não respondeu às questões enviadas pelo JN.