Loja para pequenas bolsas

O artigo mais caro custa 50 euros e quem não tiver dinheiro pode mesmo levar coisas de borla.

Num prédio pintado de rosa- -bebé, igual a tantos outros situados em Baguim do Monte, existe uma cave diferente das restantes. O pequeno espaço está repleto de livros infantis, peluches, patins em linha, roupas para bebés, para mulher e homem, calçado variado. E é difente porque é a primeiro "loja social" na zona, embora outras haja na Região Norte.

O casal Artur Santos e Isabel Ferraz começou por vender brinquedos usados dos seus quatro filhos, na Internet. Rapidamente perceberam que havia muitos interessados em artigos em segunda mão, porque eram muito mais baratos ou porque não têm posses para comprar a estrear. Ambos têm um emprego (Artur num hipermercado, Isabel no Hospital de S.João) e tentam conciliar os horários para estarem na loja o mais possível. "O nosso objectivo é ajudar as pessoas que passam dificuldades, e infelizmente não há assim tão poucas", explica Artur.

A loja social é na sua maioria composta por artigos que as pessoas oferecem, mas também por coisas que o casal compra, vendendo a um preço baixo. "Temos de agradecer à Igreja de Cristo Rei (Rio Tinto), que nos envia uma série de artigos para vendermos aqui", refere Isabel.

Preconceito

O que mais revolta o casal é que ainda existem preconceitos em relação a estes materiais em segunda mão. "Muitas pessoas sentem vergonha de entrar na loja, com medo que os outros vejam". "Chegamos a vender mais artigos na Internet porque as pessoas não têm de dar a cara ", reiterou a dona da loja. "O que nós ganhamos com a loja é algo que não se vê, sente-se. É uma coisa que fazemos para sermos úteis com os outros, mas também para nos sentirmos bem com nós mesmos", explica Artur. "Podia ficar em casa sem fazer nada, mas prefiro pensar que há muitas pessoas que passam dificuldades, e não custa nada ajudar", diz, não escondendo alguma comoção.