Jovem ia no carro que ardeu depois de embater na ponte móvel de Leça. Ainda espera conclusão de processo do seguro.
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Há quatro anos, no primeiro dia de maio, a vida de Luís Alonso deu uma reviravolta. Era um dos seis passageiros que seguiam no carro que se despistou e incendiou junto à ponte móvel, em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos. Três pessoas morreram, outras três ficaram feridas. Luís sofreu ferimentos graves. E desde o acidente, "tudo mudou". Ficou com várias lesões permanentes (físicas e cerebrais), está impedido de voltar a praticar desporto e tem a vida em suspenso enquanto aguarda pela conclusão do processo do sinistro por parte da seguradora. Quatro anos depois, a família queixa-se de "falta de comunicação" e de "preocupação" da Allianz no processo e admite avançar com uma ação em tribunal. Quer ver o processo concluído para "fechar este capítulo" e "tentar definir o futuro".
"Vivemos com este pesadelo no dia a dia e a falta de resposta e de interesse da companhia para concluir este processo é quase como uma ferida aberta", disse Januário Alonso, pai de Luís Alonso, garantindo que o filho terminou as consultas de avaliação clínica no final do ano passado, faltando agora a conclusão do processo por parte da seguradora. Garante, ainda, que há algumas despesas médicas por liquidar.
"lesões de Maior gravidade"
Contactada pelo JN, a Allianz garantiu que "já se encontram regularizados/encerrados os processos dos restantes sinistrados, faltando apenas regularizar o processo" de Luís Alonso. A seguradora explicou ainda que Luís foi "o sinistrado que sofreu lesões de maior gravidade, que exigem maior tempo de tratamento e que, consequentemente, levam mais tempo a consolidar de maneira a permitir uma correta avaliação de dano".
A Allianz assegura, ainda, que recebeu, "no início de maio, o relatório de alta e avaliação do dano corporal", estando "a analisar o caso e toda a documentação" para "enviar o mesmo com a respetiva proposta indemnizatória". A companhia estima remeter a documentação nos próximos dias.
"O processo ficará concluído assim que consigamos firmar acordo com o seu mandatário", afirmou a seguradora, acrescentando que não há "no processo quaisquer faturas pendentes".
Januário Alonso contesta e diz lamentar "a falta de preocupação da companhia". A não conclusão do processo, exemplifica, dificulta a obtenção do atestado multiúsos de incapacidade. É expectável, de acordo com o pai, que Luís venha a ter uma "elevada incapacidade". "O que me revolta é a falta de preocupação com o Luís. Nós é que andámos sempre atrás do seguro", lamentou.
Allianz
Prazo de conclusão "é coerente com complexidade"
A Allianz considera que, com todos os constrangimentos inerentes a um processo desta gravidade, o prazo de regularização do mesmo é coerente com a sua complexidade". "[Embora]o sinistrado não tenha querido ser assistido por nós, mantendo a assistência particular, fomos sempre acompanhando e regularizando, não se verificando no processo pedidos de contactos do sinistrado ou correspondências pendentes", refere a empresa. Januário Alonso garante que "nunca houve uma sugestão da parte da companhia de seguros no tratamento" de Luís.
Despiste
O que aconteceu
O acidente aconteceu a 1 de maio de 2019. O Porsche Cayenne Hybrid, no qual seguiam seis pessoas em direção a Leça da Palmeira, despistou-se e embateu num dos pilares de betão da ponte móvel, incendiando-se de seguida. Duas pessoas morreram no local e quatro foram transportadas para o hospital. O condutor acabou por falecer dias depois.
Piloto salvou jovens
Luís Alonso foi retirado do carro em chamas por Pedro Seixas, piloto do Porto de Leixões que ia a caminho do trabalho. Pedro Seixas resgatou um outro jovem do veículo. No JN, Januário Alonso, agradeceu e prestou-lhe homenagem pelo "ato heroico".
Meses de terapia
Luís Alonso passou vários meses internado, foi submetido a algumas cirurgias e teve "longos meses de tratamento", de acordo com o pai.