Idalina, Karine e Sónia e dedicam a vida a salvar animais. Criaram uma associação que gere um abrigo que está lotado e a precisar de ajuda.
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Karine Torres, engenheira zootécnica, de 39 anos, conhece de cor o nome e a história de cada um dos animais que estão sob sua proteção num abrigo que funciona em Vilarelho, Caminha. São perto de 400, entre cães (243), gatos (120) e outras espécies.
Ali habitam gatos sem olhos, Parafusa, Anubis e Vitória, Laurent que é surdo, a branca Bia que tem sida e "parece um urso polar", e um "ator", o Smeguel, que entrou nas gravações do filme A Síbila, em Caminha. E ainda a cadela Tuca, paralítica, que corre na sua cadeira de rodas, a receber com alegria quem visita o espaço, as porcas vietnamitas Pepa e Piggy e a coelha Micaela. Karine fala com todos, pega-lhes, beija-os e relata as suas vidas quase todas marcadas pelo mau trato e abandono. Há animais devolvidos pelos donos após adoção.
A irmã Sónia Torres, de 43 anos, técnica auxiliar de veterinária, também é funcionária do abrigo e age de forma semelhante. Diz-se apaixonada desde criança.
"Os animais são os seres mais perfeitos", resume, considerando que foi um animal que a fez começar a falar aos três anos. "Ainda só dizia algumas palavras soltas e um dia o meu pai trouxe para casa uma gata abandonada. Na manhã seguinte acordei e perguntei: "Mãe onde está a Lili?". Formei uma frase completa e ainda batizei a gata", conta Sónia.
Foi Idalina Torres de 66 anos, que transmitiu o "bichinho" às filhas. Fundou em 2003, "com mais 40 sócios", a associação Selva dos Animais Domésticos de Caminha, que deu origem em 2009 ao canil e gatil situado em Vilarelho.
Brigada de salvamento
As três formam uma brigada de salvamento, à qual a população do Alto Minho recorre quando há algum animal abandonado, perdido ou em apuros. Bombeiros e GNR colaboram na missão.
Este amor está no sangue da família Torres. E já vem de longe. "O meu pai era caçador. Só podengos tinha 15, mas também perdigueiros. Fui criada no meio deles e ganhei-lhes amor, mais ainda por ver como eram maltratados por muitos caçadores", conta Idalina, lembrando "crueldades terríveis" como "vinganças entre caçadores, que matavam os bons cães dos outros".
Nos anos 90, após regressar de França onde esteve emigrada, passou a alimentar e acolher animais abandonados. "Fazia quilómetros todos os dias de manhã com a Nilda, também uma doida por animais", recorda.
A estrutura construída pela Câmara ajudou no abrigo. Atualmente, está lotado. Tem cinco funcionários e apresenta alguns sinais de degradação. A autarquia dá um apoio mensal de 3750 euros. "A despesa é muito grande. Só em ração gastamos cinco a seis sacos de 20 quilos por dia", diz Karine, lembrando que fazem constantes apelos a donativos e voluntariado para preencher o sonho de um dia "não haver animais abandonados".