Autarquia da Maia só aceita ampliação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro se isso trouxer investimentos privados também para o concelho.
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A Câmara da Maia só aceita uma ampliação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro se isso significar que haverá um aumento da procura do concelho para investimento. Caso a obra sirva apenas para o Porto “receber mais turistas de fim de semana”, o município avisa que recusa ser “um megaparque de estacionamento para rent-a-car e hotéis low-cost”.
“A ampliação do aeroporto internacional Francisco Sá Carneiro, nos termos enunciados (duas pistas e ampliação da aerogare) iria transformar o equipamento numa megainfraestrutura, com enorme impacto no território e nas pessoas que nele vivem, particularmente no concelho da Maia”, considera a autarquia presidida pelo social-democrata Silva Tiago.
“Influências negativas”
Apesar de admitir “compreender e aceitar as preocupações do presidente do Turismo do Porto e Norte”, a Câmara considera que atualmente o aeroporto já tem “algumas influências negativas na Maia, mormente de caráter ambiental”. “Apesar de poderem ser mitigadas com soluções inteligentes e sustentáveis, muito raramente essas medidas constituem prioridades para os responsáveis políticos ou para a concessionária”, acrescenta.
Por isso, o município diz pretender “saber, com muita profundidade, qual a dimensão da ‘fatura a pagar’, derivada da ampliação enunciada” antes de concluir com certeza absoluta se “vale a pena o sacrifício e solidariedade regional da Maia”.
“Muitas reservas”
“A Maia precisa de saber se a ampliação do Aeroporto Sá Carneiro é necessária para poder receber mais turistas de fim de semana que vêm visitar a cidade do Porto, ou se, por outro lado, o dinamismo do tecido económico e profissional, transversal à região, gera procura criadora de negócios de valor acrescentado e riqueza sustentada, também para o território que ocupa”, especifica.
“Se for para transformar o aeroporto num mero instrumento de gentrificação e a parte poente do território da Maia num megaparque de estacionamento de rent-a-car e hotéis low-cost”, a Câmara admite “muitíssimas reservas à operação”. “Sempre preferimos qualidade à quantidade”, conclui a autarquia.
Apesar de vários esforços, não foi possível obter a opinião da Câmara do Porto, para onde ruma grande parte dos turistas, nem das autarquias dos municípios onde se localiza o aeroporto, além da Maia: Matosinhos e Vila do Conde.
Menos turistas, melhores turistas
Não se tem revelado muito preocupado com a capacidade do aeroporto porque considera que a tendência é de diminuição do número de passageiros. É isso?
Todos os peritos falam dessa tendência. O turismo não vai continuar a crescer. Devido ao clima mundial, às guerras, às incertezas, à crise, as pessoas vão deixar de viajar tanto. Vamos deixar de ter preocupações de bater recordes. Vamos deixar de ter tantos turistas e passar a ter melhores turistas.
Ou seja, a procura no Aeroporto Francisco Sá Carneiro até vai diminuir...
Vamos passar a ter menos passageiros no aeroporto e melhores passageiros, com maior poder de compra. E esse é o grande desafio. Nos próximos anos, temos de olhar para o turismo com cuidado para não desvirtuar o destino e cuidar da oferta.
O que devia estar a ser feito, então?
É preciso criar a moda do destino, a especificidade do destino e melhorar a oferta. O nosso objetivo deve ser esse, ter melhores soluções para apresentar às pessoas que vierem e que estarão disponíveis para pagar melhor, portanto, a gastar mais dinheiro. Devemos apostar num turismo de qualidade, com posicionamento alto.