Mais de 3600 colheres de papa: escuteiros do Porto tentam estabelecer novo recorde do Guinness
"Podem comer!", ouviu-se pelo som de um megafone, antes de 3641 escuteiros da região do Porto e convidados encherem as colheres de papa Cerelac. Foi a candidatura ao Guinness para estabelecer o recorde de maior pequeno-almoço de papa láctea do Mundo. Aconteceu, este sábado, em Cortegaça, no concelho de Ovar, onde está a decorrer, desde terça-feira, o 28.º Acampamento Regional (ACAREG), que celebra 100 anos de escutismo no Porto.
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As mesas já estavam postas desde a noite de sexta-feira e, na manhã deste sábado, os cerca de 4500 escuteiros saíram das tendas onde dormiam no Buçaquinho, em Cortegaça, e sentaram-se ao longo da estrada, para marcar um momento inédito no escutismo do Porto.
"O lema do nosso ACAREG é Transforma-te. O nosso objetivo é que eles percebam que podem ser heróis. A frase que escolhemos como mote foi "O que fazes em vida... ecoa na eternidade". Estamos a tentar que eles descubram personalidades, desde as artes às ciências, e percebam que, na verdade, têm de se descobrir a si mesmos e que também podem ser heróis", explicou ao JN Bento Sousa Lopes, chefe regional do Porto.
Foto: Maria Campos
Além de se enquadrar nas comemorações dos 100 anos de escutismo no Porto, celebrado a 5 de fevereiro, a dinâmica recorda também o 150.º aniversário do nascimento do neurologista António Egas Moniz (1874-1955), que foi laureado com o Nobel da Medicina em 1949 pela descoberta da leucotomia pré-frontal.
Egas Moniz, que conhecia o problema da subnutrição infantil e as deficientes condições de higiene que envolviam a comercialização de leite fresco em Portugal, foi também responsável pela criação, em 1923, da primeira fábrica de leite em pó, em Avanca (Estarreja). Em 1933, Egas Moniz conseguiu o exclusivo de fabricação e venda dos produtos Nestlé e começou a fabricar a farinha láctea, com alterações para assemelhar-se ao paladar nacional em 1936. Em 1954, passou a chamar-se Cerelac, mantendo a mesma receita e sabor.
"Isto faz sentido, uma vez que, tal como Egas Moniz pretendia combater os problemas nutricionais infantis, também o escutismo tem como objetivo formar crianças e jovens através da educação não-formal, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal, e tendo uma missão ativa na comunidade", continuou Bento Sousa Lopes.
Foto: Maria Campos
Na atividade, esteve presente o vereador da Juventude da Câmara Municipal de Ovar, que validou o momento. "Nós temos vindo a fazer um caminho de proximidade com os escuteiros e este foi o culminar de um trabalho conjunto. É um orgulho muito grande saber que os escuteiros se sentem bem neste nosso município, temos todas as infraestruturas para que sejam bem recebidos e que consigam passar para a comunidade os valores do escutismo", afirmou Ruben Ferreira ao JN.
Para o presidente da junta de Cortegaça, este dia é uma "marca indelével" para a freguesia. "Os valores do escutismo não precisam de marcas para se afirmarem, porque já se afirmam no dia a dia naquilo que é a sua atitude para com a vida, para com as pessoas e para com a natureza. Mas esta é uma marca que mostra que o escutismo existe e que se consegue unir para fazer uma coisa grandiosa", disse Sérgio Vicente, acrescentando que a atividade em Cortegaça "valoriza o território" e é um "exemplo para a comunidade local".
O ACAREG100, que decorre até domingo, acontece depois de cerca de 7500 escuteiros de todo o Mundo terem estado em Portugal no 16.º World Scout Moot, evento organizado pela Federação Escutista de Portugal e promovido pela Organização Mundial do Movimento Escutista. Os participantes, com idades entre os 18 e os 25 anos, chegaram de 120 países e levam lições enriquecedoras sobre multiculturalidade e entreajuda.
Foto: Maria Campos