Bombeiros saem do quartel na maior parte dos casos para limpar vias, abrir portas, desencravar elevadores e resgatar animais.
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Das 3939 ocorrências registadas no ano passado pelo Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, 2265 prenderam-se com a limpeza da via pública, abertura de portas, desencravar elevadores e o resgate de animais, solicitação cada vez mais comum na cidade do Porto. O combate ao fogo é o mais associado aos bombeiros, mas essa é apenas uma pequena parte de um conjunto muito mais vasto de ações menos conhecidas e que constituem o motivo da maior parte das saídas dos quartéis.
"Em termos operacionais os casos mais complicados continuam a ser os incêndios urbanos e são essas ocorrências que nos levam a ter mais meios no terreno. Mas depois há um outro conjunto de situações mais pequenas, mas também elas importantes e com as quais lidamos com o mesmo interesse e profissionalismo", especifica Carlos Marques, comandante dos Sapadores do Porto.
São essas ocorrências as mais visualizadas e com mais "gostos" quando partilhadas com fotos nas redes sociais. O resgate dos gatinhos de motores de carros ou de cima de árvores, do cão que caiu num esgoto devido a uma caixa de saneamento destapada, de aves presas em cabos e fios elétricos ou animais exóticos e cobras.
Resgate de gato
Os Bombeiros Matosinhos-Leça resgataram um gatinho que esteva na rua a andar de carro em carro por dois dias. "Os moradores andavam há mais de 24 horas a tentar que entrasse na armadilha mas sem sucesso!", explica a corporação. Após muita insistência, o Renault, como lhe chamaram por estar escondido no motor de um carro da marca, foi resgatado e já foi adotado.
Uma semana depois nova situação aconteceu em Angeiras. "São operações delicadas e demoradas pois não podemos desmontar nem danificar as viaturas", explica António Amaral, comandante da corporação.
"Todos os animais salvos são devolvidos aos donos ou encaminhados para o Centro de Recolha Oficial de Animais do Porto que funciona nas Areias, em Campanhã. Lá são observados pelos veterinários e encaminhados para adoção", salienta Carlos Marques.
Apesar de as aberturas de portas, no caso de não ser em situação de socorro, terem atualmente um custo monetário, continuam a ser das solicitações mais usuais, sendo às dezenas as chamadas que caem por semana. No caso do Porto, pedir aos bombeiros para abrir uma porta, custa cem euros.
Outros trabalhos
Escondidos no motor
No inverno abrigam-se do frio e da chuva. No verão, procuram a sombra junto às rodas. Os gatos são os animais mais resgatados e salvos pelos bombeiros. O automobilista em caso de suspeita deve bater ou abrir mesmo o capot da viatura. Buzinar é também uma solução mas, se nada funcionar, o melhor é pedir ajuda.
Apoio na pandemia
No ano passado, a pandemia obrigou a um esforço adicional na atividade dos Sapadores do Porto. Descontaminaram edifícios, transportaram pessoas positivas e negativas, realizaram ações de sensibilização e fizeram apoio nos hospitais, num total de 1190 operações.