Sensibilizar os mais pequenos, unir miúdos e graúdos em volta de uma mudança que é “urgente” e de um planeta que “não pode esperar mais”. Foi este o objetivo da iniciativa “Juntos pelo Clima”, que reuniu, esta quarta-feira, mais de mil crianças, jovens e adultos na Póvoa de Varzim.
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Expressaram-se preocupações, definiram-se “linhas vermelhas”, traçaram-se objetivos e sonhos. Tudo para que o grito de alerta possa chegar “o mais longe possível”.
“A ideia foi chamar a atenção das nossas crianças para estas questões e mostrar-lhes que também eles podem ajudar a fazer a diferença”, explicou, ao JN, a coordenadora da EB1 do Desterro. Laura Moreira queria assinalar o Dia do Ambiente de forma diferente. O recém-criado Centro do Clima abraçou a ideia e juntou todas as escolas primárias da cidade, num grande encontro. Houve quem cantasse, dançasse, trouxesse cartazes e mensagens de alerta e, no final, acabaram todos envoltos numa enorme linha vermelha, tricotada pelos mais velhos, a simbolizar o limite de 1.5º C de aquecimento que não podemos ultrapassar.
“Dentro desta linha estão as nossas crianças que queremos proteger”, afirmou Andreia Sá, a presidente da Associação de Pais da Escola do Desterro.
Emergência à beira da calamidade
“O estado de emergência já está a passar para calamidade. Estas crianças não têm culpa nenhuma. Têm direito a ter a mesma qualidade de vida que nós tivemos”, afirmou Pedro Macedo, o coordenador do Centro do Clima.
A esperança é que os mais pequenos consigam “falar ao coração” dos adultos e levá-los a “mudar hábitos”. A Póvoa quer estar “no centro dessa mudança” e o Centro do Clima é já “um primeiro passo”. (ver itens)
Os “pequenos ativistas climáticos”, conta Laura Moreira, “adoraram a ideia”. Analisaram vídeos, visitaram o Planetário, trabalharam com a Eco-Escolas Flávio Gonçalves e, ontem, levaram 17 objetivos. Nas outras cinco escolas, outros tantos. Evitar o carro, usar mais a bicicleta, ir a pé ou de transportes públicos, instalar painéis solares e produzir energia renovável, planear as cidades com maior respeito pela natureza, ter uma agricultura mais sustentável, reduzir pesticidas, fazer um uso mais eficiente da água ou utilizar adubos orgânicos. São apenas algumas ideias.
Os “pequenos passos” de cada um, diz Pedro Macedo, ajudarão a atingir “os grandes objetivos” e, sobretudo, dão “o conforto necessário” aos líderes políticos para “decisões mais ambiciosas”.
“Tudo o que podermos fazer no sentido da sensibilização – nomeadamente mobilizar este ‘exército’ de meninos -, pode ser uma grande vitória para todos nós”, frisou o presidente da Câmara, Aires Pereira, empenhado em mostrar “que um outro mundo é possível”.
Centro do Clima nasceu há menos de um ano
O Centro do Clima da Póvoa de Varzim – o primeiro do país numa autarquia - foi criado pela Câmara em julho de 2023. É um espaço de experimentação em ação climática e resiliência comunitária, que pretende aproximar decisores políticos, empresas, associações, agricultores, pescadores e comunidade em geral;
160 metros de tricot feito pelos avós
Dezenas de avós de várias associações e grupos locais, tricotaram a faixa vermelha com 160 metros que, ontem de manhã, e envolveu as crianças a simbolizar o limite de 1.5º C de aquecimento que o planeta não pode ultrapassar e o “pacto de sangue” intergeracional para a mudança;