A Linha do Vouga deverá manter o atual perfil de via férrea, ou seja, a bitola métrica. Nem todos os autarcas estão totalmente convencidos que é a melhor opção para o comboio que serve a população entre Oliveira de Azeméis e Espinho, mas há consenso alargado que esta escolha garante a concretização mais célere da desejada requalificação.
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"A opinião unânime dos técnicos é que devemos manter a bitola métrica, porque, se passarmos para a bitola ibérica, terá que ser feito um traçado quase novo", afirmou, ao JN, José Pinheiro, presidente em exercício da Associação de Municípios Terras de Santa Maria (AMTSM), instituição que promoveu a conferência "A Linha do Vale do Vouga: Que futuro".
Em jeito de conclusão da conferência, o também presidente da Câmara de Vale de Cambra explica que a passagem para a bitola ibérica, defendida por alguns autarcas e que tornaria o Vouguinha compatível com a Linha do Norte, "obrigava a alterar o atual traçado, porque, por exemplo, a zona de curvas não permite a circulação na bitola ibérica".
"Temos que pensar seriamente se queremos uma linha na lógica do metro de superfície, com composições mais confortáveis e mais modernas, mantendo a atual bitola com uma execução [da requalificação] a curto prazo ou optar pela bitola ibérica e, daqui a 10 anos, ainda andarmos a discutir o assunto", disse.
"Penso que a maioria dos autarcas concorda com esta opção [bitola métrica]". "Uma pessoa quando entra no comboio não pergunta a ninguém se é bitola métrica ou ibérica. Quer é conforto e que o tempo de viagem seja o mais breve possível", concluiu.
Emídio Sousa, presidente da Câmara da Feira, diz que há "um consenso político sobre a necessidade de reabilitação, garantindo uma linha de transporte de passageiros que sirva a região". "A solução ótima seria a bitola ibérica, mas obrigava a uma solução difícil e dispendiosa. Com a bitola métrica atual, e com algumas correções, podemos ter a concretização da requalificação, ainda no nosso tempo de vida", observou.
Uma das vozes dissonantes da bitola métrica tem sido o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis. Joaquim Jorge considera que a opção pela bitola ibérica é uma "medida estratégica para o futuro da mobilidade desta vasta região". "Esta é a solução que melhor defende os interesses desta região e das gerações vindouras", referiu.
"Vouguinha" serve 300 mil habitantes
A Linha do Vale do Vouga serve uma população superior a 300 mil habitantes. Os municípios da AMTSM (Arouca, Espinho, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Espinho e Vale de Cambra) há muito que reivindicam a sua requalificação e que a mesma possa permitir a ligação ao centro da Área Metropolitana do Porto, através da Linha do Norte. A requalificação, prevista no Plano Ferroviário Nacional, que se encontra em discussão pública, deverá custar cerca de 100 milhões de euros.
Bitola métrica versus bitola ibérica
A bitola métrica, com a distância entre carris mais estreita, está atualmente em uso na Linha do Vale do Vouga. Esta bitola não é compatível com a bitola usada, por exemplo, na Linha do Norte, a designada bitola ibérica. Desta forma, é impossível fazer a ligação direta da Linha do Vouga à Linha do Norte, como é reivindicado pelos autarcas da AMTSM.