O Ministro do Ambiente foi à Póvoa de Varzim. Entrou no mercado municipal, deixou garrafas de vidro e embalagens na máquina da reciclagem e ganhou um euro de descontos. Foi comprar fruta. Levou um quilo de laranjas e um cacho de bananas de "borla".
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Ali, há três meses que o lixo dá descontos nas compras, bilhetes de cinema e entradas nas piscinas municipais. Pedro Matos Fernandes veio ver a máquina que "pôs toda a gente a reciclar" e anunciar que o projeto-piloto da Lipor vai ser alargado a todo o país: 50 máquinas até ao fim do ano, 200 até ao final de 2020, para espalhar por mercados, centros comerciais, estações de serviço e até universidades.
Fátima Brioso usa-a quase todos os dias. Deixa garrafas de água, pacotes de sumo e de iogurte. Recebe pontos, que troca por descontos no mercado - normalmente nas hortaliças onde é "cliente habitual" -, e, às vezes, por bilhetes de cinema.
"A ideia é fantástica! É um bom incentivo para as pessoas", diz, sem hesitar, a mulher que é empregada de limpeza e, nos escritórios, vai recolhendo garrafas e embalagens que converte em prémios. A máquina, garante, tem cada vez mais adeptos e "até quem não reciclava, agora já começa a vir".
A cada resíduo colocado, a máquina dá pontos. As garrafas de plástico dão 5 pontos, os iogurtes líquidos, os pacotes de sumo ou leite e as latas 3 e as garrafas de vidro 2.
Depois, é só somar os pontos e trocar: 100 dá um euro de desconto no Mercado, numa compra mínima de 5 euros, 200 um bilhete de cinema no Cine-Teatro Garrett (no valor de 4 euros) e 300 uma entrada nas piscinas municipais (que custaria 6 euros).
7,6 toneladas em dois meses
A máquina foi inaugurada a 8 de dezembro. Em dois meses, teve 5013 utilizadores, recebeu 83 mil embalagens e 7,6 toneladas de lixo. Agora, todos os dias, diz Fátima, "faz fila para reciclar". O sucesso é tal que Matos Fernandes vai alargar o projeto-piloto a todo o país. A instalação das primeiras 50 máquinas será feita a partir de junho e até ao final do ano. Vai custar 1,5 milhões de euros, num projeto financiado pelo Fundo Ambiente. Até final de 2020, serão colocadas 200, num investimento de seis milhões.
"Serão espalhadas por todo o país. Os locais ainda não estão decididos, mas sabemos em que tipo de locais as queremos colocar: noutros mercados, em centro comerciais próximo de hipermercados, em áreas de serviço de autoestradas e, pelo menos, numa universidade", explicou o ministro. O lixo vale dinheiro - e cada vez mais - e, por isso, frisa, a retribuição a quem o separa "é justa" e, no final, "todos ganham": "ganham as pessoas que tê um retribuição direta, ganham os sistemas de recolha de resíduos que têm a vida facilitada [já que a máquina separa as embalagens por tipos] e ganha o ambiente".
"No fundo, estamos a dizer às pessoas que o seu pequeno gesto conta", remata Aires Pereira, o presidente da Lipor e da Câmara da Póvoa, satisfeito com o "enorme sucesso" do projeto que, ainda por cima, cumpre mais um objetivo: levar ainda mais gente ao renovado mercado.