Marcelo Rebelo de Sousa de volta às selfies em visita à escola inaugurada pelo pai
O presidente da República, Marcelo Rebelo Sousa, visitou na manhã desta quarta-feira a Escola Secundária Carolina Michaëlis, no Porto, assinalando desta forma o dia mundial da língua portuguesa.
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Marcelo Rebelo de Sousa esteve esta manhã no edifício escolar inaugurado em 1957 pelo seu pai, Baltasar Rebelo de Sousa, enquanto sub-secretário da Educação, do governo de Salazar.
O presidente da República foi recebido por dezenas de alunos que gritavam o seu nome, tendo recebido várias recordações: trabalhos manuais, chocolates e até uma bebida espirituosa.
Selfies e um aceno à varanda
Foram largos minutos para percorrer corredores e salas de aulas, numa visita constantemente interrompida para tirar selfies, tanto com alunos como com professores.
"Nesta altura tinha, tinha oito e lembro-me de ouvir em casa falar da visita, mas ele viajava muito pelas escolas", contou Marcelo Rebelo de Sousa, após de observar as fotos originais nas quais surge o pai na inauguração do edifício, em 1957, ano em que o quarto ano de escolaridade passou a ser obrigatório para as raparigas.
Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se, depois, à varanda virada para o pátio interior da escola para saudar os alunos, tal como fez o pai fizera há 64 anos.
A Escola Secundária Carolina Michaëlis foi durante o estado novo liceu feminino, ostentando o nome da sua fundadora, uma alemã que impulsionadora do ensino de raparigas (1851-1925). Ao lembrar a inauguração feita pelo pai, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de classificar o Portugal desse tempo, " um país muito atrasado e injusto com as mulheres".
Música e poesia no dia mundial da Língua Portuguesa
A "big band" da escola presenteou Marcelo Rebelo de Sousa com um momento musical, tocando a "Canção do mar", de Dulce Pontes, e "Dunas", dos GNR. A banda da "Carolina Michaëlis" é um projeto coordenado pela professora Amélia Cardoso e junta alunos dos cinco anos de ensino com conhecimentos musicais distintos.
Para assinalar dia mundial da Língua Portuguesa, comemorado esta quarta-feira, ouviu-se poesia pela voz de Camila Ribeiro, aluna do 9.º ano que representará a Escola Carolina Michaëlis na fase final das olimpíadas da leitura. "Instrução primária" do escritor Miguel Torga foi o poema escolhido.
O presidente da República desafiou os alunos a defender a Língua Portuguesa. "A nossa língua feita à medida do que nós somos e que levamos pelo mundo", disse. "E uma das mais faladas no mundo e a mais falada no hemisfério sul", acrescentou, lembrando países como o Senegal onde há milhares de alunos a aprender e a falar português.
Marcelo Rebelo de Sousa evocou ainda o professor José Manuel Novais, antigo diretor do Agrupamento de Escolas Carolina Michaëlis falecido em novembro de 2020, descerrando uma lápide. Um docente que "mudou a alma desta escola para sempre", lembrou o presidente.
Marcelo Rebelo de Sousa questionou o auditório de alunos sobre os livros que andam a ler, se gostam de romances ou de poesia, quis saber quem escreve e falou da importância do Português na música e Comunicação Social.
O chefe de Estado falou ainda da necessidade de "dar uma vida nova ao plano nacional de leitura" e para a necessidade de olhar para a situação difícil das editoras e da Comunicação Social. "Quanto menos se editar jornais, revistas e houver menos rádios e televisões a falar português, naturalmente mais o português tenderá a não crescer, mas a morrer", disse.
O presidente da República falou, ainda , da situação dos imigrantes de Odemira que começou como um caso sanitário e depois evoluiu para uma realidade social. "São condições de habitabilidade que já conhecíamos, não só de imigrantes, mas de portugueses", referiu. "A pandemia pôs a nu fragilidades sociais e a nossa preocupação é que pós pandemia haja uma reconstrução social", concluiu o chefe de estado.