Sobreviveu a duas guerras mundiais, teve uma vida dura e diz que o otimismo é o segredo da longevidade.
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Maria Antónia da Costa, residente num lar em Pinela, Bragança, festejou esta sexta-feira 105 anos. Um exemplo de longevidade, que explica "pela alegria com que sempre viveu" mesmo quando a vida na aldeia "era duríssima", pois trabalhou sobretudo, na agricultura. "Tudo passou. Criei duas filhas e ajudei a criar quatro netos", explicou Maria Antónia que conserva a lucidez, come pela própria mão, ainda caminha e adora conversar e de recordar os tempos da mocidade. "O meu problema são só os joelhos, que me dificultam o andar", referiu a mulher que enfrentou a vida "com toda a coragem" que arranjou.
Casou cedo, aos 18 anos, e ainda se aventurou pela emigração em França, onde esteve três anos. Também viveu no Porto, mas a maior parte do tempo fez vida em Pinela. "Eu trabalhei muito para criar as minhas filhas. Ia a pé para Bragança [a 27 quilómetros] com uma cesta grande na cabeça cheia de caça para vender na cidade. Depois regressava a casa a pé. Era difícil, mas sempre fui alegre e bem disposta, acho que isso me ajudou a ultrapassar os obstáculos que foram muitos", contou Antónia, lembrando que construiu uma casa com o marido. "Trabalhamos muito", admitiu.
Tranquilidade
A idosa garante que agora é feliz a viver uma vida tranquila no lar, onde recebe a família com frequência. Os netos viajaram de França para festejar o aniversário.
Os sete bisnetos e o tetraneto, de três meses, não puderam estar presentes. "Eu gosto de andar por aqui, mas não me deixam porque têm medo que caia", relatou Antónia que, quando celebrou os 100 anos, disse ao neto Vítor, que o seu maior desejo era chegar aos 105. "Cá estou, mas ainda gostava de viver mais alguns aninhos", acrescentou esta utente que está no lar há três anos, onde é muito acarinhada.
"Ela está bem de saúde. Só toma dois comprimidos", explicou Anabela Gonçalves, responsável da instituição que tem 13 utentes.
Antónia nasceu em 1917, durante a primeira Grande Guerra, sobreviveu à segunda e não esperava que voltasse a haver um conflito armado de grande dimensão na Europa, como o da Ucrânia. "A guerra não traz nada de bom. No tempo da guerra as dificuldades aumentavam ainda mais", conta.