Descoberta obrigou a suspender a remoção dos resíduos tóxicos e à tomada de medidas de segurança.
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Foi encontrado material de guerra, como bombas e granadas, enterrado nas antigas minas de S. Pedro da Cova, em Gondomar. A descoberta foi feita durante a empreitada de remoção dos resíduos tóxicos depositados nas escombreiras, obrigando à suspensão dos trabalhos. Segundo apurámos, aconteceram mesmo alguns rebentamentos - o primeiro há cerca de mês e meio.
Ao JN, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte confirmou que "foi detetada a presença de alguns antigos engenhos explosivos, o que motivou a adoção de medidas de segurança tendo em vista salvaguardar as pessoas que trabalham na operação".
"Para além da suspensão dos trabalhos, foi solicitada a intervenção do Comando Territorial do Porto da GNR e acionadas as medidas de segurança consideradas adequadas, envolvendo as autoridades competentes. À data, os trabalhos previstos encontram-se executados a cerca de 90%", acrescentou a CCDR, que "espera retomar a operação de remoção dos resíduos tão brevemente quanto possível".
Até agora, a retirada das milhares de toneladas de resíduos perigosos tem sido feita com a ajuda de retroescavadoras, mas poderá ser necessário repensar o método a usar daqui para a frente. Porventura, e uma vez que a operação tem de ser mais delicada - para não haver o risco de novos rebentamentos e possíveis acidentes - os trabalhos poderão vir a ser feitos manualmente.
Investigação
Só uma futura investigação permitirá saber há quanto tempo este material de guerra foi ali depositado e qual terá sido a sua proveniência. Segundo apurou o JN, estará descartada a hipótese de o material ter sido envolvido no meio dos resíduos perigosos. O mais provável é ter sido lá posto depois.
Já quanto à retirada total dos resíduos, o JN sabe que a operação corre a um bom ritmo e que não deverá ultrapassar o fim do ano. A operação seria para remover 137 mil toneladas, mas foram encontrados mais 20% de resíduos, ou seja, mais 28 mil toneladas.
Foi no decorrer da execução da segunda fase de remoção, cuja conclusão estava prevista para agosto, que foi conhecida a existência de mais resíduos perigosos.
Na altura, o presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, "aplaudiu a rápida resolução" governamental de disponibilizar mais 2,2 milhões de euros para a remoção, evitando uma interrupção nos trabalhos em curso. Aliás, para hoje estava prevista uma visita do ministro do Ambiente, Matos Fernandes, à operação nas antigas minas, que foi cancelada.
O presidente da Junta de S. Pedro da Cova, Pedro Vieira, exigiu "uma auditoria final à remoção dos resíduos perigosos". "Uma auditoria que dê por concluído o processo e determine o impacto ambiental pós remoção, tal como era alertado no estudo prévio", sublinhou o autarca.
Central da Foz do Sousa finalmente será renovada
O ministro do Ambiente e da Ação Climática, Matos Fernandes, participa hoje na cerimónia de assinatura do memorando de entendimento entre os municípios do Porto e Gondomar e a Águas do Douro e Paiva para a criação do Centro de Excelência da Água em Gondomar. Este novo equipamento, fruto de um investimento de sete milhões de euros, vai nascer na antiga central de captação de água da Foz do Sousa. O edifício, classificado como Monumento de Interesse Público pela Direção-Geral do Património Cultural, foi desativado há 36 anos e está ao abandono.