As primeiras chuvas vieram expor defeitos estruturais na parte exterior do mercado municipal de Leiria, inaugurado em junho, onde foram investidos 4,6 milhões de euros em obras de remodelação. Vendedores e clientes estão ao frio, ao vento e à chuva.
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Nos dias em que chove com mais intensidade, os algerozes não têm capacidade para escoar a água, que forma repuxos a mais de um metro de altura, molhando tudo à volta. E a água fica acumulada no chão, devido à dificuldade de escoamento das grelhas.
A banca de Olinda Sousa fica num dos extremos do lado exterior do mercado, pelo que quando a "chuva vem tocada pelo vento" fica tudo molhado. "Isto fica um pandemónio. O que vale são as raparigas da limpeza que empurram a água com vassouras. Mas, às vezes, é tanta que nem sabem o que fazer", assegura. "Eu que nunca adoeço, apanhei aqui uma constipação há três semanas, e ainda não melhorei", garante. "Quem tem a culpa foi quem não fez o trabalho como deve ser."
Maria dos Anjos Duarte tem o seu espaço quase na outra ponta do mercado. "Quando chove muito, ai Nosso Senhor que nos livre, é água por todos os cantos, porque os canos não aguentam", confirma. "A Câmara não pode deixar embalar os empreiteiros, sem resolverem isto." A vendedora defende ainda que deviam tapar a zona mais desabrigada. "Essas pessoas só vêm no verão, porque está sempre a chover ali."
Quando chove, é uma desgraça. Deviam fechar isto ao redor, para ficar um bocadinho mais abrigado, mas a Câmara é que manda
José Silva, apicultor, pôs os frascos de mel à venda na primeira banca junto à entrada, precisamente porque estava desocupada, e não há ninguém "lá atrás", onde fica o seu espaço. "Aqui há chuva e vento, mas vendo mais", justifica. "Mas, quando chove, é uma desgraça. Deviam fechar isto ao redor, para ficar um bocadinho mais abrigado, mas a Câmara é que manda", diz, resignado.
"Nós, como estamos de passagem, aguentamos. Mas, é demasiado pesado para eles que estão aqui ao vento, ao frio e à chuva", comenta o cliente José Casimiro. "O espaço devia ser vedado à volta, para as pessoas estarem resguardadas", defende. Frequentadora habitual do mercado, Manuela Lopes já assistiu à "lagoa" que se formou, num dia de muita chuva, devido à incapacidade de escoamento dos algerozes. "Não é muito convidativo virmos à praça. Lá dentro, está melhor, mas aqui fora as pessoas apanham muito frio e é desagradável."
Acumulação de vegetais nas caleiras
Ricardo Gomes, vereador, revela que "o município irá estudar a relocalização das bancas, de modo a ficarem mais concentradas na zona central", pois não foi possível instalar estores de lona no alçado norte, devido à intensidade dos ventos. A alternativa foi colocar acrílicos no teto, o que só resolveu parte do problema.
O autarca adianta ainda que está prevista a "soldadura de alguns pontos e a otimização de alguns tubos de queda", e justifica a dificuldade de escoamento com a "acumulação de produtos vegetais" nas caleiras.