Para trás ficaram os apelos e os avisos. Farto de esperar pelos cerca de 20 mil euros em dívida, um mecânico de Vila Verde decidiu recorrer à afixação da lista de caloteiros. E em poucos dias já reparou que resulta.
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Vinte mil euros de crédito malparado levaram o mecânico Maurício de Sousa, de Sabariz, Vila Verde, a afixar a lista de caloteiros da oficina de reparação de automóveis com o seu nome, "Maurício".
Inicialmente anunciada para o passado dia 15 de Abril, o empresário Maurício Sousa resolveu adiar a divulgação da relação dos devedores, considerando os vários apelos e pedidos de clientes que prometeram saldar as dívidas nos dias seguintes. Graças ao primeiro aviso a anunciar a divulgação da "lista de caloteiros", já conseguiu recuperar mais de quatro mil euros do montante que estava em dívida.
Em muitos casos, trata-se de cheques pré-datados. Mas ainda sobram cerca de 20 mil euros de crédito malparado. Maurício Sousa esclarece que não encontrou alternativa, perante o avolumar de dívidas e a necessidade de dinheiro para assumir todos os compromissos.
"Tenho aqui algumas contas com três anos", queixa-se Maurício Sousa, sublinhando que muitas das facturas por liquidar respeitam a peças e materiais que tiveram de ser pagos aos fornecedores. Nesse rol incluem-se até despesas com vistorias de veículos.
"Sinceramente, até me sinto mal em ter que apertar desta maneira com os devedores, mas chegámos a um ponto em que não aguentámos mais. Temos que pagar as despesas, assim como ao pessoal, e não há dinheiro", explica o gerente da empresa, onde trabalham sete pessoas, com serviços de mecânica, electricista, chaparia, pintura e pneus.
Frisando que não deve nada ao Estado, nem à Segurança Social, mantendo também actualizados os pagamentos a fornecedores, Maurício Sousa lembra que, nesta situação, o atraso ou a falta de pagamento dos serviços prestados pode levar à falência da sua empresa.
"Felizmente, tenho bem nome no banco e não tive problemas, mas entrei em choque quando descobri que tinha a conta a descoberto com nove mil euros. Foi quando me apercebi que ou arranjava forma de cobrar as dívidas, ou não valia a pena trabalhar", justificou, sublinhando que chega "a passar madrugadas a trabalhar, porque não é fácil assegurar a sobrevivência de uma empresa nos tempos de correm".