Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores está a medir diariamente a emissão de gases.
Corpo do artigo
A crise sismovulcânica que está em curso, desde o dia 19, em São Jorge, levou a que se instalasse no terreno uma equipa do Centro de Informação Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que tem estado, diariamente, a medir a emissão de gases para atmosfera. Apelidados de "médicos da terra", por tentarem diagnosticar sintomas dos sistemas vulcânicos, os cientistas dizem que, até ao momento, não obtiveram "alterações significativas na quantidade de gases emitidos". Apesar disso, o alerta vulcânico mantém-se no nível V4, o que significa que continua a haver a hipótese de erupção.
Dióxido de carbono e radão - um gás radioativo - são habitualmente libertados através dos solos, em áreas vulcânicas. O fenómeno não é visível a olho nu e, por isso, são necessários meios suplementares para os detetar. "Temos de ir com equipamento que mede, neste caso, a quantidade de dióxido de carbono que é libertada do solo, assim como a concentração de gases mesmo dentro dos solos, nas suas primeiras camadas", explicou à Lusa Fátima Viveiros, coordenadora das operações do CIVISA em São Jorge.
A cientista adiantou que, apesar de não terem sido registadas "alterações significativas", isso não significa que o alerta não se mantenha, uma vez que se está perante "um sistema vulcânico enorme", que impossibilita "medir cada centímetro quadrado" de uma faixa que tem 20 quilómetros.
Desde dia 19, mais de 14 mil sismos já foram analisados pelo CIVISA. O número é o dobro do total contabilizado, no ano passado, em todo o arquipélago. Desses, mais de 200 foram sentidos pela população.
À medida que os dias passam, o concelho de Velas - o mais próximo do epicentro dos sismos - tem ficado deserto. Luís Silveira, presidente da Câmara, estima que mais de duas mil pessoas já tenham saído, para o concelho vizinho ou para outras ilhas. Apesar disso, os serviços públicos na vila continuam a funcionar "com normalidade" e pede-se "tranquilidade" à população.
Forças Armadas com tendas para 100
Para a eventualidade de ocorrer um sismo de maior magnitude ou uma erupção, vários meios estão a ser deslocados para São Jorge. Por isso, as Forças Armadas instalaram na Calheta - concelho onde o risco de catástrofe é substancialmente menor - algumas tendas, para acolher 100 pessoas, e uma cozinha, com capacidade para fornecer cerca de 300 refeições. Nos próximos dias, mais veículos também vão ser levados para a ilha.