Casa onde viveu e morreu no Porto é centro de beleza e estética. Quinta dos Girassóis, na Maia, onde recebia amigos, está em ruínas.
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A violoncelista Guilhermina Suggia, que morreu há 70 anos, continua sem um espaço físico e evocativo na cidade do Porto, onde nasceu, nem noutros concelhos da Área Metropolitana, como a Maia, onde passava temporadas. A casa onde viveu e morreu, na portuense Rua da Alegria, é hoje um centro de beleza e estética. A quinta que possuía no centro da Maia está praticamente em ruína. A Câmara do Porto ainda pensou há uns anos criar um pólo museológico, mas atualmente diz que "não está nenhum projeto em curso ou planeado", sendo a memória da artista "promovida através de uma programação cultural diversa".
A imponente casa do número 665 da Rua da Alegria, no Porto, não passa despercebida. Cor de rosa, destaca-se do restante casario velho e degradado pelo seu bom estado de conservação, muito graças ao trabalho de um grupo de cidadãos que em 2017 propôs à autarquia a sua classificação. O imóvel foi comprado por Guilhermina Suggia em 1924. A violoncelista nasceu junto à Ribeira, na freguesia de S. Nicolau, mas cedo foi viver com os pais para Matosinhos, para a Rua do Godinho.
Nos anos 20, já os pais moravam na Rua da Alegria, no número 896, atualmente em restauro, Suggia pretendeu manter-se perto, embora passasse longas temporadas em concertos no estrangeiro e morasse, sobretudo, em Londres. Quando morreu, a 30 julho de 1950, deixou o imóvel do Porto a uma amiga e antiga aluna.
O espólio foi distribuído por várias entidades e na casa a memória de Guilhermina resume-se hoje a uma placa na fachada colocada em 2007 que recorda a sua passagem pelo local.
Quinta degradada na Maia
A área da quinta que Suggia tinha na Maia foi sendo amputada com o passar dos anos e a edificação está hoje em plena ruína. Em fevereiro de 2019, em reunião da Assembleia Municipal, os eleitos do Juntos Pelo Povo ainda alertaram para "o interesse daquele espaço" mas a autarquia optou não pela aquisição, mas antes pela classificação como edifício de interesse municipal.
Fonte da autarquia explica que o proprietário, promotor imobiliário, "não poderá proceder à demolição e já recebeu a garantia que o que resta do edificado será requalificado". O contacto de Suggia com a Quinta dos Girassóis, como é conhecida, chega através do casamento, em 1927, com o médico José Casimiro Carteado Mena. Nunca viveu ali de forma permanente e o local era utilizado para descontrair e receber amigos.
A ligação de Suggia a este concelho não foi suficiente para que a memória da artista também aqui resultasse num espaço físico de âmbito cultural. O que resta da quinta é visível do exterior através da rua por onde, em direção à rotunda de Brandinhães, passa a linha do metro.