Milhares de pessoas rumaram este sábado a Santa Maria da Feira, para assistirem à secular Festa das Fogaceiras. Reviveu-se o voto ao Mártir S. Sebastião e reforçou-se a mensagem de união que os feirenses enaltecem a cada edição.
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“Esta é uma forma de vivermos o espírito de comunidade e de partilha”, afirmou António Oliveira, pai de três jovens que vestiram, em diferentes anos, a “pele” de fogaceiras.
A procissão, momento alto das comemorações que teve iniciativas durante todo o dia, juntou 250 meninas vestidas de branco e fogaças na cabeça.
António observa que o festejo, simbolizado pelo pão doce que é oferecido há cinco séculos a S. Sebastião, para que o mártir livre o povo da peste, reflete a mensagem das fogaceiras. “A fogaça é um pão de partilha, não se deve comer sozinho. Só faz sentido se for um momento de partilha entre a família, amigos e vizinhos”, explicou.
Maria Clara Silva, 65 anos, faz parte de uma família ligada à tradição concelhia. Ela e as duas filhas já foram fogaceiras, juntando-se, agora, mais duas netas. “Antigamente não eram tantas meninas. Vestíamos a roupa da primeira comunhão e era só participar”, recordou.
Leonor Albergaria, 15 anos, participa há oito na festa e tem um “sonho, desde pequenina: levar o Castelo”. Leonor referia-se à réplica do Castelo da Feira que, todos os anos, é transportada à cabeça por uma das fogaceiras. “Ainda não vai ser nesta edição, talvez para o ano. Levar o Castelo é levar o símbolo do concelho e o sonho de todas as meninas”, disse. “É uma honra participar como fogaceira nesta festa com 518 anos”, concluiu.
"Mantemos o voto ao mártir e temos vindo a transformar a Festa das Fogaceiras num momento de afirmação do território e de pertença, em que os feirenses sentem a sua terra, estejam onde estiverem”, enalteceu o presidente da Câmara, Emídio Sousa. “Hoje é um dia muito especial para mim”, respondeu, de voz embargada, quando questionado com o facto de ser a última vez que integra o cortejo, enquanto presidente da Câmara.