Antigos militares, famílias ou pessoas meramente curiosas desceram até à Alfândega do Porto, este domingo, para assistir à cerimónia militar do Dia da Marinha, presidida pela ministra da Defesa, Helena Carreiras.
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Isabel Oliveira aguardou a manhã toda por um lugar na fila da frente onde decorreu a cerimónia militar. Tudo para ver o filho, Miguel Pargana, a ser condecorado.
Aos 73 anos, garante que não havia momento que a podia deixar mais feliz, sublinhando também que "nem sempre foi fácil": "Ele entrou na Marinha há 35 anos. Foi um sacrifício muito grande. Fiquei muito tempo sem o ver".
As lágrimas não deixaram esconder o orgulho e a emoção de Isabel Oliveira, que se prepara agora para ver Miguel "a partir por mais três anos", numa missão nos Estados Unidos.
Foi, inclusive, pelas "lágrimas que [as famílias] escondem quando deixam os filhos no cais" ou o impedimento de verem o seu crescimento, que pela primeira vez na cerimónia da Marinha, estiveram presentes "os embarcados que mais tempo navegaram longe das suas famílias".
"Marinha em modernização"
O Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Henrique Gouveia e Melo, reiterou no seu discurso o momento que a Marinha atravessa de "renovação estrutural, operacional e genética".
Entre as inúmeras alterações que estão a ser implementadas, Gouveia e Melo destacou "os contratos assinados que vão permitir a renovação da esquadra por novos meios", o surgimento de "quatro novas classes de navios" e a "mudança dos sistemas de manutenção que aplicará poupanças na área do instrumento e das operações".
Também a ministra da Defesa, Helena Carreiras, falou sobre os investimentos do "extenso plano de renovação e modernização que está em curso e visa a otimização tecnológica para os próximos anos".
"Irá cumprir-se, definitivamente, a maior proposta do meio de programação monetária de sempre, no total de 5.570 milhões de euros que se encontra atualmente em discussão na Assembleia da República e já foi aprovada na generalidade", referiu Helena Carreiras.
O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, mencionou que "o Município esteve, desde a primeira hora, empenhado e comprometido com as comemorações". Contudo deseja que a colaboração entre a Marinha e a cidade "se mantenha viva".
A missão de receber e realizar as celebrações do Dia da Marinha no Porto não podiam fazer mais sentido e era "algo que a cidade merecia", disse Rui Moreira, que destacou por exemplo, a importância do Porto de Leixões como "uma das mais importantes infraestruturas portuárias da Península Ibérica".
Mais de 25 mil visitas ao Sagres
O navio-escola Sagres foi talvez, de todas as atividades das celebrações, o que mais chamou a atenção dos portuenses. Nem o presidente da Autarquia escapou: "Destaco como o momento mais extraordinário do Dia da Marinha a viagem do Sagres entre o Porto de Leixões e o Cais da Ribeira. Não atracava há 25 anos no Douro".
Ao JN, a Marinha confirmou que o navio-escola Sagres já recebeu mais de 25 mil visitas. Só no sábado, foram perto de oito mil.
No final da cerimónia e após o desfile dos militares e dos veículos, o público assistiu ainda à demonstração de capacidades da Marinha e da Autoridade Marítima Nacional.
Foi feita a simulação de salvamentos marítimos, deteção de incêndio numa embarcação em alto mar, socorro através de barcos e helicópteros e a atuação de equipas em casos de sequestros ou pirataria marítima.
O voo dos helicópteros foi o que mais agradou ao pequeno Gustavo Mira, que assistiu, pela primeira vez, a ações de socorro por parte de forças militares.
"Não foi a nossa primeira vez a ver isto, mas viemos pelo nosso filho. Ele gosta muito de tudo o que é relacionado com militares e polícias", partilhou a mãe, Helena Duarte.