Cortejo religioso é o ponto alto da festa da Senhora d'Assunção, na Póvoa de Varzim. A organização diz que é o mais rico e sumptuoso do país. Esta quinta-feira contou com a presença de milhares de pessoas.
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Já a minha mãe ia na procissão desde pequenina. É uma tradição da minha bisavó”, explica Lara Terroso Marques. Aos 15 anos é, este ano, Senhora d’Assunção na “procissão mais importante” da Póvoa de Varzim. Não esconde o orgulho que é encarnar a padroeira dos pescadores. Lara já nasceu em França, onde os pais estão emigrados há quase duas décadas. Ainda assim, todos os anos, nas férias rumam à cidade natal e a jovem lá segue no cortejo religioso, lembrando que também ela é “orgulhosamente neta de pescadores”.
Na procissão seguem Lara, as duas irmãs, de 5 e 10 anos, e a prima Núria, de 4 anos, que se estreia na Senhora d’Assunção e logo como o anjinho que abre o cortejo. “É uma procissão muito importante para nós”, conta Maria Terroso, a mãe da pequena Núria.
Os trajes, muitos de veludo, são quentes, está muito calor, o percurso é longo – duas horas a andar - e a “Senhora” segue todo o caminho de braços no ar e olhos postos no ceú, em oração. É duro, mas a devoção fala mais alto e, para ir de Senhora d’Assunção, há sempre uma “fila de espera”. Sónia Maio também lá segue. Tem 18 anos e vai agora para a faculdade. Ir na procissão da padroeira dos pescadores já é uma tradição: “É uma festa muito importante. Na minha família nunca perdemos esta procissão”.
Neste dia, a Póvoa enche-se de gente como nunca. Vêm de todo o país para ver, muitos em excursões. O cortejo, com dez andores e 250 figurantes, é, garante a organização, “o mais rico e sumptuoso do país”. É “a festa das festas”.
A ligação à pesca faz da Senhora d’Assunção uma festa cheia de rituais ancestrais: a maior parte dos figurantes é de famílias ligadas ao mar, muitos dos que carregam os andores são pescadores, há tapetes de flores e sal pelas ruas e, à passagem pelo porto de pesca, o andor da "Senhora" vira-se para o mar. Os barcos da terra saúdam-na com fogo-de-artifício.
Rute Moreira veio de Famalicão para ver. “É uma festa linda”, diz a mulher, em frente à Igreja da Lapa, enquanto vê sair os andores. É a "fé daquela gente", explica, que faz “a beleza do cortejo”.