<p>Na altura em que as amendoeiras colorem as paisagens do Alto Douro e milhares de turistas ali afluem para as apreciar, começa-se a deitar contas à vida. O amendoal tem recebido milhões da UE, mas estão a ser canalizados para projectos turísticos.</p>
Corpo do artigo
As primeiras flores da amendoeira começam a desabrochar na paisagem do Douro Superior. Os quatro concelhos que integram este rincão duriense (Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa) estão engalanados para receber os milhares de turistas que anualmente se deslocam à região para contemplar as amendoeiras floridas ou apreciar e degustar os produtos regionais.
De acordo com Joaquim Grácio, presidente da Associação "Amigos da Amendoeira", de Vila Nova de Foz Côa, este ano, e apesar do frio e da chuva, a floração estará a atingir o seu esplendor por esta altura, dada a variedade de amendoeiras na zona.
No entanto, aquele produtor relembra que é importante tirar partido do potencial económico do amendoal e não olhar apenas para a vertente turística. "É preciso prevenir o futuro do sector do amendoal. A União Europeia atribui ajudas ao sector, porém, os fundos não são bem aproveitados. Se um dia for preciso prolongar as ajudas à produção de amêndoa, o futuro poderá ser difícil", salientou o dirigente agrícola.
Saliente-se que nos últimos seis anos o sector da amendoal recebeu cerca do cinco milhões de euros, o que corresponde a cerca de 360 euros por hectare. Grácio coloca o dedo na ferida: "Todos anos me perguntam como estará a floração da amendoeira devido ao seu valor turístico, mas esquecessem-se do seu valor económico. Vamos chegar a 2014 sem alterações no sector, apesar dos milhões investidos", frisou.
Por seu lado, e com outro ponto de vista, Deolinda Morais, da confeitaria Arte Sabor e Douro, que se dedica à comercialização da amêndoa coberta de Torre de Moncorvo, "este é um momento excelente para comercializar o produto, e nesta altura do ano não há mãos a medir para as encomendas".
Um dos concelhos que aposta forte naquele que é considerado "o maior cartaz turístico da região", é o de Freixo de Espada à Cinta. Apesar do empenho, este ano há contenção de despesas, mesmo com fundos de uma candidatura conjunta dos quatro municípios, elaborada através da Associação de Municípios do Douro Superior, no âmbito do Programa Operacional do Norte que visa, essencialmente, a promoção do certame ao nível ibérico e criação de estruturas de apoio.