A mini-hídrica de Felgueiras, uma parceria entre um investidor privado e a autarquia local, vai começar a produzir energia em Dezembro, revelou a autarquia. O investimento foi de cerca de 3,5 milhões de euros.
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"A primeira turbina associada a um gerador estará operacional até ao final do ano e a segunda um mês depois", explicou João Sousa, vice-presidente da autarquia.
Segundo o autarca, este aproveitamento hidroelétrico representa um investimento de cerca de 3,5 milhões de euros, garantido parcialmente por recurso ao crédito bancário.
A sociedade anónima que vai explorar o equipamento chama-se Hidroelétrica de Felgueiras.
A maioria do capital será privada, com o grupo Simões, da zona de Braga, a deter 51% das acções. A Câmara de Felgueiras detém cerca de 49% do capital.
Nas próximas semanas será concluído o processo de instalação de todo o equipamento.
A infraestrutura, que vai aproveitar o rio Bugio, afluente do rio Vizela, localiza-se nas freguesias de Sendim e de Jugueiros, na zona mais rural do concelho de Felgueiras.
Segundo os promotores, a mini-hídrica de Lourido, como é conhecido o empreendimento, vai aproveitar "as boas condições naturais, garantindo uma boa rendibilidade".
Os estudos já realizados apontam para uma produção de cerca de 6,6 Mw em ano médio de pluviosidade, um valor considerado "interessante" e só possível devido ao acentuado declive (90 metros) entre o ponto onde vai ser captada a água e as turbinas.
A captação é efectuada à cota 287, poucos metros a jusante da ponte de Corvete, zona onde foi construído um açude com cerca de três metros de altura. Da pequena albufeira entretanto gerada parte um canal descoberto, ligando a uma câmara de carga. Deste equipamento parte uma conduta forçada, com cerca de 840 metros de extensão, enterrada a alguns metros de profundidade, evoluindo com forte inclinação descendente em direcção à central, junto à ponte de Gondim (cota de 192), onde estão a ser instaladas as turbinas. A água, após utilização pela central, será restituída ao rio Bugio.
A energia produzida na mini-hídrica será vendida à Rede Eléctrica Nacional, traduzindo-se numa receita para os accionistas superior a 500 mil euros nos primeiros anos de actividade. Prevê-se que o equipamento possa laborar durante 35 anos.
No entanto, segundo estudos realizados, o período de recuperação do investimento deverá prolongar-se por cerca 10 anos.
A entrada em funcionamento deste aproveitamento hidroeléctrico põe fim a um longo processo político em Felgueiras, iniciado nos anos de 1990 e marcado por sucessivos avanços e recuos quanto ao modelo a adoptar.