A ministra da Administração Interna suspendeu esta sexta-feira as ações de despejo das casas de função da GNR, no Pátio da Quintinha, na Ajuda, em Lisboa.
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A decisão da ministra ocorre a uma semana da data anunciada para o primeiro despejo coercivo de uma das famílias residentes no bairro. Ao JN, Constança Urbano de Sousa explicou que a decisão surge, apesar de ser do domínio público que os visados "não preenchem os requisitos legais para a ocupação das habitações".
A 11 de agosto havia sido anunciado que o Governo iria avançar com o despejo coercivo das 46 pessoas que habitam nas casas da guarda no Pátio da Quintinha, um pequeno aglomerado urbano, junto ao Palácio da Ajuda, onde vivem reformados da GNR, alguns com mais de 80 anos.
Quinta-feira, o presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, José António Videira, manifestou ao JN o seu apoio aos moradores, estranhando que em abril de 2015 o próprio Partido Socialista, então na oposição, tenha votado favoravelmente uma resolução apresentada pelo PCP a travar os despejos e que, agora no Governo, avançasse com a medida. "Tendo em conta a idade avançada dos moradores, e não havendo nenhum projeto para o local, não se percebe esta intenção agora", disse.
Também Carlos Moura, deputado do PCP na Câmara de Lisboa, salientou que, em abril de 2015, a Câmara Municipal de Lisboa, então presidida por António Costa, tenha pressionado as entidades competentes para travar os despejos. "Causa impressão que agora que o ex-presidente é primeiro-ministro se avance com esta decisão", sublinhou.
Na sequência destes contactos, o JN questionou a titular da pasta da Administração Interna. Na resposta, Constança Urbano de Sousa disse ao JN que ordenou de imediato a suspensão do processo. A ministra acrescentou porém que "estão a ser efetuadas diligências para encontrar uma solução equitativa para esta questão à luz da Resolução da Assembleia da República".