Ontem foi dia de festa para Maria Amélia Silva, conhecida como Maria Maia: celebrou os 100 anos junto de filhos, netos, bisnetos e trineta, em Febres, Cantanhede, e teve direito a missa especial. Não foi por acaso que três filhas seguiram a via da consagração a Deus.
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"Ela ensinou-me, em casa, a pensar nos outros e a dar-me em cada dia. A vocação nasce na própria família". Fernanda Façanha, de 62 anos, refere-se à mãe, aniversariante, entende que foi ela quem "deu o exemplo". Fernanda é consagrada leiga no Instituto Secular da Sagrada Família. Ou seja, não é freira nem tem hábito. Vive "no meio do mundo".
"Sentimos que Deus nos chamou", sintetizou Fernanda, aludindo a si e às duas irmãs. Estas últimas seguiram a vida religiosa, são "consagradas do amor de Deus". Uma delas é Leontina Façanha, de 70 anos, que esteve durante mais de 40 como missionária, em Moçambique, a ajudar crianças, pobres ou doentes com SIDA, e espera voltar.
Rodeada pela família, que para ela organizou uma missa e a brindou com dois ramos, de cem rosas cada, e dois bolos de aniversário. Foi assim que Maria Maia comemorou o centenário de vida. Familiares garantem que ninguém a conhece como Maria Amélia. Tanto, que a bisneta Andreia Façanha, de 29 anos, só soube que se chamava Amélia na adolescência.
Maria Maia teve cinco filhos, sete netos, sete bisnetos, e já conta com uma trineta. Para chegar aos 100 anos, diz não ter feito "nada de extraordinário".
"A vida foi simples, natural, mas a trabalhar muito", contou, ao JN, a aniversariante, em casa, com uma mesa à frente em que, daí a nada, haveria de ser colocado o segundo bolo de aniversário do dia. Ver Maria Maia comemorar o centenário de vida constituiu "um enorme orgulho" para Andreia Façanha, que assinalou a "vitalidade" da bisavó.
"Temos a obrigação de lhe prestar esta homenagem", disse Leontina Façanha, sem poupar elogios à mãe.
Maria Maia "ainda hoje se levanta de manhã a pensar: "o que é que tenho para fazer hoje?"", e sente falta da sua enxada, com a qual "gostava muito de trabalhar", prosseguiu. "Ela não quer que lhe percam a enxada. Ainda há poucos meses quis as botas e a enxada para ir colher as batatas", mesmo se o peso dos anos não o permite, recordou Leontina, sorridente.